Ursula Wanecki está habituada a aparecer em programas de TV satíricos, aberturas de supermercados,  casamentos privados e festas de aniversário — sempre como uma imitação da chanceler alemã Angela Merkel. E tem sido assim ao longo dos últimos 16 anos, conta o The Guardian.

Wanecki, de 65 anos, levou esta tarefa como um "hobby", mantendo o seu emprego como consultora fiscal assistente. Por isso, quando Merkel, de 67 anos, se reformar do seu papel no próximo mês, planeia fazer o mesmo.

"O que mais anseio é poder voltar a pintar unhas e usar brincos grandes, algo que Merkel nunca faz", brinca. "Mas penso que abandonar os blazers não vai significa que as pessoas não continuem a gritar 'Olá, Angie' quando me virem, durante algum tempo. Ela não irá desaparecer da consciência pública durante algum tempo".

Mas como começou a criação de um "duplo" da chanceler? Quase por acidente, sem qualquer esforço de Ursula. "Quando era muito novo, o meu neto viu Angela Merkel no noticiário e disse à sua mãe: 'É a avó'. Depois usei um fato cor de damasco num casamento, algo semelhante ao que ela tinha vestido — a cor fica-nos bem — e mais tarde vesti-me como ela no Carnaval", recorda.

De facto, as semelhanças com Merkel são evidentes, aliadas à imitação da postura ligeiramente inclinada, gestos, andar cauteloso e, por vezes, até à sua alegria infantil.

"Mas juro que nunca aprendi imitação. É verdadeiramente como eu sou. Não preciso de fazer qualquer esforço, ponho apenas um pouco de maquilhagem e um blazer maior e, quando saio pela porta, sou simplesmente Angela Merkel", explicou Ursula.

Contudo, também existem diferenças: Wanecki é mais alta, calça sapatos de número 40, em comparação com o 38 da chanceler, e tem "pernas mais longas e mais finas" — mas a maioria das pessoas não nota a diferença, "especialmente se nunca viram Merkel em carne e osso".

Wanecki nasceu na Polónia e, apesar de ter vivido na Alemanha durante anos, tem um forte sotaque polaco. "Por isso, sou a chanceler necessariamente calada", afirma. "Há um suspiro quando as pessoas me veem pela primeira vez — o efeito de choque é o que é mais importante. Mas assim que eu abro a boca o segredo é revelado. Por vezes brinco e digo que já passei demasiado tempo a falar com Vladimir Putin e que fiquei com o seu sotaque. Dá quase sempre origem a gargalhadas", aponta.

Para o tempo de reforma que se aproxima, apenas uma nota: "Foi importante para mim em todos estes anos não perder a essência de Ursula Wanecki, o verdadeiro eu", frisou. "Espero que o mesmo se aplique a Angela Merkel".