Deparando-se alegadamente com a existência de vacinas contra a covid-19 excedentárias no Centro de Vacinação do Cerco, no Porto, a Diretora Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto VI – Porto Oriental, pediu a colaboração da junta de freguesia de Campanhã para divulgar uma ação de vacinação "porta aberta": ou seja, quem passasse pelo centro no futuro Parque de Saúde do Cerco, na rua Dr. José Marques, teve direito a vacinas, mesmo os jovens.

A situação levou a que o coordenador do grupo de trabalho da vacinação, Gouveia e Melo, viesse a público comentar que se tratou de um "ato de indisciplina" e que ia apresentar queixa à Polícia Judiciária — sendo que as autoridades de saúde do Norte também abriram um inquérito à situação.

Ao final desta sexta-feira, o Ministério da Saúde enviou um comunicado às redações a dar conta do pedido de cessação de funções da Diretora Executiva do ACES - Porto Oriental.

"Na sequência das notícias referentes a vacinação indevida de jovens no Centro de Vacinação do Cerco, no Porto, o Ministério da Saúde informa que tomou conhecimento, através da Administração Regional de Saúde do Norte, I.P., da deliberação de instauração de um processo de inquérito, com vista ao cabal esclarecimento do sucedido, e do pedido de cessação de funções, entretanto apresentado ao Conselho Diretivo daquela ARS, pela Senhora Diretora Executiva do Agrupamento de Centros de Saúde do Grande Porto VI – Porto Oriental", pode ler-se na nota do ministério que tutela a área da saúde.

Depois de Gouveia e Melo ter anunciado hoje que o grupo de trabalho que coordena a vacinação em Portugal fez queixa à Polícia Judiciária da alegada vacinação indevida de jovens no Porto, o Ministério Público informou que há 216 inquéritos crime de situações relacionadas em todo o país.

A vacinação alegadamente ilegítima foi publicitada numa rede social pela Junta de Freguesia de Campanhã, na zona oriental do Porto, mas fonte autorizada da autarquia disse que se limitou a publicitar a iniciativa a pedido do ACES da zona, exatamente nos termos solicitados.

A publicação da Junta no Facebook referia: “Dias 23 e 24 de junho, vacinação aberta das 17:00 às 19:30 no centro de vacinação do Cerco”.

A ‘task force’ do plano da vacinação contra a covid-19 participou o caso de possível vacinação indevida à Polícia Judiciária e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde (IGAS), disse hoje o coordenador do plano.

“Mal tivemos um mínimo de dados [sobre o caso] fizemos uma participação ao nosso contacto com a Polícia Judiciária e outra à IGAS”, afirmou o vice-almirante Gouveia e Melo, que falava aos jornalistas na ilha do Porto Santo, arquipélago da Madeira, onde se encontra a inteirar da evolução do plano local de vacinação.

Em comunicado remetido à agência Lusa, a estrutura liderada por Gouveia e Melo refere que a situação “indicia a prática de atos contrários nas normas e instruções em vigor”, adiantando que a ARS-N “já solicitou a abertura de um processo de inquérito para se apurar o sucedido”.

A ‘task force’ recorda, no comunicado enviado à Lusa, que “atualmente estão a ser vacinados, por agendamento central, por auto agendamento ou por agendamento local, os utentes com idade igual ou superior a 30 anos e, na modalidade casa aberta, utentes com idade igual ou superior de 50 anos”.

Acrescenta que “não está prevista a vacinação de utentes abaixo das faixas etárias atualmente previstas, exceto utentes com as comorbilidades definidas na norma número 002/2021 da Direção-Geral da Saúde ou outras exceções definidas na mesma norma”.

Segundo a Direção-Geral da Saúde, já há perto de três milhões de portugueses com a vacinação completa contra a covid-19, o equivalente a 29% da população.

(Notícia atualizada às 22:46)