“Trabalhamos de forma muito próxima com a ciência. Estamos envolvidos na conservação. Acreditamos que os cientistas, operadores e os turistas têm de trabalhar juntos. Só ao partilhar informação é que criamos conhecimento suficiente sobre o que se encontra no oceano”, afirmou, em declarações à agência Lusa, Frank Wirth, fundador da Pico Sport.
Frank Wirth explicou que a empresa, sedeada na ilha do Pico, organiza programas para “arrecadar fundos para financiar o trabalho científico” e “mudar a mente das pessoas”.
“Existe muito ‘blá blá blá’, mas muito pouca gente age. Toda a gente queixa-se de que existe demasiado plástico no oceano, mas no final toda a gente descarta o plástico novamente”, salientou.
Um dos projetos, intitulado ‘Megalodon’ (em referência a uma espécie extinta de tubarão), incluiu investigadores e outros patrocinadores internacionais, como o Instituto do Mar ou o grupo alemão ProWin.
Em 2021, a Pico Sport doou cerca de 150 mil euros para a aquisição de satélites destinados a rastrear os tubarões no Atlântico, tendo sido desenvolvida uma plataforma ‘online’ para identificar as movimentações da espécie.
“Decidimos que temos de fazer algo. Por isso, estamos a trabalhar de forma próxima com algumas fundações e angariamos dinheiro porque precisamos de saber mais sobre os tubarões e os seus movimentos”, apontou.
O empresário nasceu em 1960, na Alemanha, e define-se como um “ambientalista, amante da natureza e fascinado por tudo o que se passa no oceano”.
"Não há outro lugar no mundo em que se possa mergulhar com tubarões azuis como nos Açores"
Em 1993, quando trabalhava numa empresa de mergulho nas ilhas Galápagos, um cliente americano convidou-o a visitar os Açores.
“Estávamos em 1993 e eu fiquei apaixonado pela ilha do Pico. Imediatamente peguei em todo o dinheiro que tinha poupado ao longo dos anos e comprei um bocado de terra”, recordou, acrescentando que fundou oficialmente a Pico Sport em 1996.
O mergulho com tubarões é um dos serviços mais requisitados da empresa que também realiza observações de cetáceos, visitas ao banco princesa Alice - um “melhores locais para mergulhar no oceano Atlântico”, segundo o empresário - e atividades com golfinhos.
Frank Wirth destacou que os Açores estão no “mapa dos mergulhadores do mundo”, porque o arquipélago é “provavelmente o melhor local do planeta” para mergulhar com tubarões azuis.
“Não há outro lugar no mundo em que se possa mergulhar com tubarões azuis como aqui nos Açores. Quer devido à visibilidade que se consegue, quer pela quantidade de animais que se junta ao teu redor”, disse.
Além dos tubarões azuis, também é possível encontrar tubarões-baleia em Santa Maria, onde a Pico Sport também efetua mergulhos.
“Os Açores são um ‘cross point’ [ponto de cruzamento] para vários tipos de migração. Os tubarões migram por todo o oceano, mas, por exemplo, os tubarões-baleia vão do hemisfério Sul, quase do Equador, da costa da Venezuela e do Suriname, até aos Açores para se alimentar em Santa Maria”, exemplificou.
Por isso, acrescentou, o trabalho das empresas do setor deve passar por “mostrar essa riqueza” que ainda é “desconhecida”.
“Penso que este é o nosso trabalho agora: não só levar as pessoas a mergulhar, mas partilhar com todos as fantásticas histórias de como esses animais se movimentam no oceano”, salientou.
Para este verão, Frank Wirth, que ainda está a receber reservas, prevê uma “enchente de turistas”, mas alertou para a falta de alojamento, o “principal problema” da ilha.
“Neste momento, a cada hora estou a receber dez pedidos diferentes para agosto. Há muita gente interessada. Parece que os Açores vão estar repleto de turistas no verão, mas temos de criar as condições para os receber”, defendeu.
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