"Trinta dias depois (de se autoproclamar Presidente), porque não convocou eleições? Se tem o poder, supostamente", desafiou.
Nicolás Maduro falava no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, perante milhares de simpatizantes que hoje marcharam na capital em apoio da revolução bolivariana.
"Onde está a convocatória, se têm um Presidente interino. Eu desafio-o a convocar eleições, para ver quem tem votos e quem ganha eleições neste país", acrescentou, apelidando Juan Guaidó de "marioneta vendida ao império".
Segundo Nicolás Maduro, "as eleições deveriam ser hoje, porque assim o manda a Constituição", fazendo alusão à legislação venezuelana segundo a qual uma vez assumido o cargo o Presidente interino tem um mês para convocar eleições presidenciais.
O Presidente da Venezuela disse ainda que os venezuelanos estão "numa batalha pelo direito à paz, com justiça e independência".
"Contem com Nicolás Maduro, que será leal a esta batalha que está dando dignidade ao povo. Estou mais forte que nunca, de pé, governando esta pátria, agora e por muitos anos", disse.
No mesmo discurso, Maduro anunciou o rompimento de relações diplomáticas com a Colômbia, devido o apoio dado pelo governo de Ivan Duque ao líder da oposição venezuelana Juan Guaidó na sua tentativa de entregar ajuda humanitária.
"Eu decidi romper todas as relações políticas e diplomáticas com o governo fascista da Colômbia e todos os seus embaixadores e cônsules devem partir em 24 horas da Venezuela. Sai daqui, oligarquia!", afirmou Maduro.
O presidente disse ainda que "nunca um governo colombiano caiu tão baixo" e, referindo-se a Guaidó, afirmou que o país está à espera do "senhor fantoche palhaço, fantoche do imperialismo americano e mendigo".
Segundo Nicolás Maduro, a pretexto da ajuda humanitária que a oposição do seu país pretende fazer entrar no país está em curso um golpe promovido pela direita da Venezuela com o apoio internacional, mas que foi derrotado pela "união cívil-militar" nacional.
"Estou a avaliar o que fazer com a nossa fronteira, porque não vamos tolerar isso (mobilização de pessoas e entrada de ajuda humanitária). Vocês sabem que não temo nada. Não me treme o pulso", garantiu.
A rutura de relações tem lugar depois de o ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, ter acusado os EUA e a Colômbia de violarem a Carta das Nações Unidas.
“Os Governos dos EUA e da Colômbia violaram praticamente todos os princípios e propósitos da carta da ONU. A comunidade mundial está a vê-los e não sei se a ONU vai tomar as ações correspondentes”, escreveu o governante na sua conta da rede social Twitter.
Ivan Duque esteve ao lado de Juan Guaidó em Cúcuta, na Colômbia, junto à fronteira com a Venezuela, onde formalizou a entrega de camiões com ajuda humanitária destinada ao país vizinho. “A ajuda humanitária vai a caminho da Venezuela”, afirmou Guiadó , cerca das 15:35 em Lisboa (11:35 na Venezuela), minutos antes de subir a um camião com ajuda, numa cerimónia transmitida em direto pelas televisões.
Neste sábado, grandes tumultos irromperam em duas pontes ao longo da fronteira da Venezuela com a Colômbia, depois de quatro camiões e manifestantes terem tentado romper o bloqueio militar para obter ajuda humanitária, disseram jornalistas da AFP.
Militares e policiais venezuelanos usaram bombas de gás lacrimogéneo contra os manifestantes, deixando pelo menos uma dúzia de feridos nas pontes Simón Bolívar e Santander, que ligam as cidades de San Antonio e Ureña (Venezuela) e Cúcuta (Colômbia).
Hoje é a data limite anunciada pelo autoproclamado Presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, para a entrada no país de 14 camiões e 200 toneladas de ajuda humanitária reunida para a Venezuela.
Juan Guaidó, opositor de Maduro e reconhecido por mais de 50 países como Presidente interino do país, prometeu introduzir essa ajuda humanitária na Venezuela neste dia, numa operação para a qual estão mobilizados milhares de cidadãos.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos do Presidente Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
A repressão dos protestos antigovernamentais desde 23 de janeiro provocou já dezenas de mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.
Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou cerca de 3,4 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Em 2016, a população da Venezuela era de aproximadamente 31,7 milhões de habitantes e no país residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
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