As denúncias da oposição têm lugar depois de residentes nesse populoso bairro divulgarem, através das redes sociais, vídeos de longos e intensos tiroteios ocorridos às noites e em plena quarentena da covid-19.

“Relatórios preliminares, no caso de Petare, confirmam que pelo menos 12 pessoas foram assassinadas durante operações (policiais) nas últimas horas. As identidades das vítimas não foram divulgadas, nem fornecidos detalhes sobre o motivo pelo qual foram executadas extrajudicialmente”, declarou o líder da oposição, Juan Guaidó.

Num comunicado divulgado em Caracas, Guaidó lançou um alerta “à opinião pública nacional e internacional perante esta nova operação de extermínio e execuções extrajudiciais da ditadura”.

“A ditadura iniciou, a 6 de maio, o envio de forças repressivas em uma das áreas mais populosas da capital para, supostamente, procurar gangues criminosos que pretendam alterar a ordem interna e tranquilidade. Essa operação inclui organismos como as Forças de Ações Especiais (FAES), cuja dissolução foi exigida por organizações internacionais como o Conselho de Direitos Humanos da ONU, por ser responsável por liderar execuções extrajudiciais”, disse.

Por outro lado, acrescentou que durante um dos tiroteios foi detido um ex-autarca e líder comunitário, Junior Pantora, “que nada tem a ver com atividades fora da lei”.

“É público e notório que os grupos irregulares que hoje a ditadura acusa de desestabilizadores foram criados pelo próprio regime para espalhar o terror e manter o controle interno dos setores populares”, considerou.

Segundo Guaidó, alguns grupos criminosos foram criados, dotados de armamento e empoderados e como deixaram de apoiar o regime “passaram a ser atacados por outros grupos, amparados pela ditadura”.

De acordo com o opositor, “alguns, inclusive, foram libertados das cadeias, em dias recentes, para ‘recuperar’ o controlo do território. De este conflito, fica claro, que a única vítima evidente é a população, que sofre pelas guerras internas do regime”.

“Nesse sentido, solicitamos à comunidade internacional que mantenha o máximo alerta perante a nova escalada repressiva da ditadura de Nicolás Maduro, que já foi acusada em várias ocasiões pela política de assassinatos seletivos e execuções extrajudiciais. A vida de mais venezuelanos pode estar em risco por esta operação de extermínio, que não respeita direitos humanos nem as liberdades fundamentais”, sublinha.

A oposição anunciou ainda que vai levar esta denúncia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos e às instâncias correspondentes que possam ajudar a fazer justiça.