“Na sequência de anteriores tomadas de posição, o PCP expressa a sua preocupação pelas consequências da postura de afronta e de ingerência do Governo português contra a República Bolivariana da Venezuela, o povo venezuelano e as legítimas autoridades daquele país”, defendem os comunistas em comunicado.

Para o PCP, é a “irresponsável postura do Governo português que está na origem do recente agravamento das relações de Portugal com a Venezuela e, em particular, dos prejuízos causados à comunidade de origem portuguesa radicada naquele país latino-americano, nomeadamente em resultado da suspensão temporária dos voos da TAP”.

O partido defende “o apuramento dos factos e das circunstâncias que rodearam a inusitada passagem de Juan Guaidó, e seus acompanhantes, por Lisboa e a utilização da TAP – a companhia aérea nacional –, para o seu retorno à Venezuela, após um périplo pelos EUA, Colômbia e países na União Europeia em busca dos apoios que lhe faltam no país para a sua ação golpista e antidemocrática”.

“Ingerindo-se abertamente nos assuntos internos de um País soberano, o Governo português não se limitou a contestar a legitimidade do Presidente da Venezuela; tomou posição ativa de apoio ao ‘autoproclamado presidente’, colocando-se desde o primeiro momento na primeira linha da operação de ingerência e agressão da Administração Trump visando derrubar o legítimo Governo bolivariano”, sustentam os comunistas.

O PCP refere o apoio do Governo português “à operação derrotada de 23 de Fevereiro de 2019” e “a vergonhosa campanha de desinformação conduzida ao longo de todo o ano pelo canal público do Estado, a RTP”, assim como o “silêncio face ao feroz bloqueio económico e financeiro imposto pelos EUA” e “a complacência com o roubo por Bancos com capital do Estado português de ativos pertencentes à Venezuela”.

O Governo venezuelano decidiu suspender os voos da TAP para a Venezuela durante 90 dias, acusando a companhia de ter permitido o transporte de explosivos e de ter ocultado a identidade de Juan Guaidó num voo de Lisboa para Caracas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, considerou, na terça-feira, que a decisão das autoridades de Caracas era “inamistosa” e “injustificada”.

No mesmo dia, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou a suspensão por 90 dias dos voos da TAP para a Venezuela, considerando-a injusta, inaceitável e incompreensível.

A companhia aérea portuguesa TAP reagiu à sanção imposta pelo executivo de Nicolas Maduro, referindo que “não compreende” a suspensão de voos que lhe foi aplicada, garantindo que esta é uma “medida gravosa”, que prejudica os passageiros.