Estas posições foram assumidas por Carlos César no final da reunião semanal da bancada socialista, na Assembleia da República, depois de questionado sobre a crise política existente na Venezuela.

"A posição do PS é muito clara no que respeita ao processo político na Venezuela. Sem nos intrometermos naquilo que não nos é devido, o PS defende a democracia, o Estado de Direito, os direitos humanos e as liberdades públicas", começou por apontar o presidente do PS, antes de considerar que a situação na Venezuela "é desde há muito anormal".

"Condenamos a evolução política liderada pelo atual Governo, entendemos que a Assembleia Nacional [da Venezuela] merece crédito nesta fase do processo e, por fim, consideramos absolutamente necessário que ocorram eleições livres que possam repor a normalidade e a democracia no país", declarou Carlos César.

Segundo o presidente do Grupo Parlamentar do PS, a realização de eleições "devem também permitir um caminho de recuperação e não a continuação de um percurso caracterizado pelo caos".

"Entendemos que Portugal, no plano formal e oficial, como país membro da União Europeia, deve assumir coletivamente as responsabilidades que a União Europeia determinar em relação a esse processo. Portanto, a nossa posição deve ser aquela que a União Europeia formalmente decidir", frisou.

Questionado se há condições para a realização de eleições livres na Venezuela, Carlos César sustentou que a "degradação atual só tem dois desfechos possíveis: Um, absolutamente indesejável, de violência, de guerra civil; ou outro, que é o da tomada de consciência de que os interesses das pessoas estão em primeiro lugar".

"A expressão livre no plano eleitoral é a única forma de dirimir esses conflitos", acrescentou.

Juan Guaidó autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.

O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, em 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.

Nicolás Maduro iniciou em 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela maior parte da comunidade internacional.

Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina, à exceção de México, Bolívia e Cuba, da Rússia e da Turquia - que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela -, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.

Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que "os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados" e instando à "abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional".

Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela "vontade inequívoca" mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro "compreenda que o seu tempo acabou" e apelou para a realização de "eleições livres".

A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.