“O Presidente russo exprimiu o seu apoio ao governo legítimo da Venezuela no âmbito do agravamento da crise política provocada a partir do exterior”, informou o Kremlin em comunicado.
Putin, que recebeu Maduro em Moscovo em dezembro, denunciou a “destrutiva ingerência externa que constitui um grosseiro desrespeito pelo direito internacional”.
Em paralelo, pronunciou-se pela “busca de soluções no quadro constitucional” e na “superação das diferenças na sociedade venezuelana através do diálogo pacífico”.
Por sua vez, Maduro abordou o “perigoso desenvolvimento dos acontecimentos no seu país” nos últimos dias e “agradeceu à Rússia” pela sua posição.
Os dois presidentes também confirmaram o prosseguimento da cooperação bilateral em diversas áreas, após Maduro ter anunciado em dezembro acordos com a Rússia avaliados em mais de 6.000 milhões de dólares (5,3 mil milhões de euros).
Putin, que já tinha garantido uma estreita relação com o falecido líder bolivariano Hugo Chávez, condenou qualquer tentativa de mudar a situação na Venezuela pela força.
O primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, também lamentou hoje que vários líderes mundiais apoiem o que designou de “golpe de Estado” na Venezuela e assegurou que “ninguém” tem o direito de derrubar um dirigente por meios ilegais.
“Fomos testemunhas de como, uma vez mais, numa praça, “se elege”, desrespeitando a Constituição, outro chefe de Estado. Decerto, este quase golpe de Estado foi aprovado pelos líderes de vários países. Muito rápido. Como se estivessem a seguir uma ordem”, escreveu Medvedev na sua conta na rede social Twitter.
A Rússia é um dos principais aliados e apoiantes da Venezuela chavista. No mês passado, o governo de Putin fretou dois bombardeiros nucleares Tupolev Tu-160 para o país durante alguns dias.
O líder do parlamento venezuelano, Juan Guaidó, autoproclamou-se na quarta-feira Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas, provocando manifestações contrárias e de apoio a Nicolás Maduro, que assumiu no passado dia 10 de janeiro o segundo mandato presidencial.
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA), a maioria dos países da América Latina, à exceção de México, Bolívia, Nicarágua e Cuba — que se mantêm ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela –, já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Por sua vez, Rússia, China, Turquia e Irão manifestaram o seu apoio a Nicolas Maduro.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.
Da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou na quarta-feira pleno respeito pela “vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela, disse esperar que Nicolás Maduro “compreenda que o seu tempo acabou” e apelou para a realização de “eleições livres”.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
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