Em conferência de imprensa, André Ventura acusou mesmo a presidente do Grupo Parlamentar do PS, Alexandra Leitão, de ter apelado à participação nessa “contra manif” e pediu aos líderes socialista, Pedro Nuno Santos, e também do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, para não o fazerem e desautorizarem nos respetivos partidos quem faz esses apelos.
Pela sua parte, André Ventura disse que a manifestação de domingo “contra a imigração descontrolada em Portugal” terá cerca de três mil pessoas, e foi organizada e planeada pelo Chega, adiantando mesmo que foi coordenada por si próprio.
Depois de ter rejeitado que a sua manifestação esteja infiltrada por forças extremistas neonazis, o líder do Chega contrapôs que já alertou “as forças policiais para o facto de que vários movimentos estarem a apelar à participação contra o protesto do Chega no domingo”, o que pode constituir “um caldeirão a céu aberto”.
“O Chega não desmarcará a sua manifestação. Mas queria apelar a todos, sobretudo aos líderes partidários, que metam a mão na consciência e que compreendam que a provocação de insultos ou a tentativa de boicotar o trajeto que os manifestantes farão no domingo pode levar a situações absolutamente indesejáveis de ordem pública. Tudo faremos para garantir que isso não aconteça”, disse.
O presidente do Chega declarou depois que não pode aceitar “provocações, tentativas de boicote ou tentativas de manipulação da opinião pública através da presença no mesmo trajeto – um trajeto que há semanas está definido para a manifestação do Chega. Esta manifestação é do Chega, foi organizada a cada passo em articulação com as autoridades policiais e com as autoridades autárquicas”, acrescentou.
No passado dia 18, em conferência de imprensa, André Ventura anunciou o adiamento para este domingo da manifestação convocada pelo seu partido contra a “imigração descontrolada” e "pela segurança", inicialmente prevista para sábado passado. Justificou essa decisão por solidariedade para com as vítimas dos incêndios.
A manifestação organizada pelo Chega “contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas” foi convocada em agosto.
Segundo um documento apresentado em junho pelo Governo, a população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, e a maior parte das autorizações de residência atribuídas são para o exercício da atividade profissional.
O documento indica ainda que as migrações contribuem para “a revitalização demográfica e o aumento da população ativa”, tendo a maior parte dos estrangeiros residentes em Portugal entre os 25 e os 44 anos.
Estes dados foram apresentados após o Conselho de Ministros em que o executivo aprovou o Plano de Ação para as Migrações. E, logo nessa altura, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, rejeitou “qualquer ligação direta” entre a “capacidade de acolher imigrantes e aumentos de índices de criminalidade”.
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