“Uma das razões é em solidariedade para com as muitas famílias no Montijo e temos uma expectativa que são mais de 500 famílias e duas mil pessoas que neste momento não têm casa, não têm casa digna ou estão na iminência de perder a casa”, explicou à agência Lusa João Afonso.
O social-democrata falava após o arranque da iniciativa que começou às 20:30 e irá terminar às 09:00 de sexta-feira, em frente ao edifício dos Paços do Concelho do Montijo, no distrito de Setúbal.
João Afonso sublinhou que a iniciativa junta elementos das estruturas locais e distritais do PSD e do CDS-PP e também independentes.
Segundo o vereador, o acampamento tem também como objetivo “protestar contra a recusa” do presidente da Câmara do Montijo, o socialista Nuno Canta, em “tomar medidas”.
“Não podemos dizer às pessoas que há dinheiro para tudo e não há dinheiro para a habitação. Não se pode dizer às pessoas que vão para a rua, isso não é solução. A Câmara do Montijo há mais de uma década que não investe um tostão na construção de casas sociais e com custos controlados e isso não é aceitável”, apontou.
Lembrando que o Montijo é um concelho limítrofe ao de Lisboa, este está a “sofrer com a pressão do aumento dos preços na capital” quer para a compra de habitações, quer nas rendas.
O anúncio do novo aeroporto previsto para o concelho é outro dos motivos para este aumento, acrescentou.
“Há dois ou três anos casas que custavam no Montijo, em termos de arrendamento, 400 euros, neste momento estão em 700 euros. As pessoas neste momento não estão a conseguir aceder à habitação e estão mesmo a perdê-las”, alertou.
O vereador sublinhou ainda que há muitas famílias a perderem a habitação no Montijo “sem qualquer resposta”, destacando as dificuldades sentidas por famílias monoparentais.
“Há um exemplo concreto de uma mulher, que foi despejada e não tem solução, porque a Câmara do Montijo não tem solução para esta pessoa, que está agora a viver em casa de uma pessoa amiga, num quarto onde dorme na mesma cama com os três filhos. São muitos casos como estes no Montijo”, vincou.
João Afonso explicou ainda que outra das razões da iniciativa é em “protesto contra o presidente da Câmara e a maioria oligárquica do Partido Socialista que se recusa em agendar uma proposta [da oposição] para que se crie um fundo de emergência social para subsidiar a habitação destas pessoas”.
“Uma família que consiga pagar 400 euros de renda, e a quem lhes peçam 700 euros, a Câmara podia subsidiar essa diferença de 300 euros, mas o PS recusa-se a agendar esta proposta com o fundamento que é ilegal, o que é uma desculpa de mau pagador”, defendeu.
O social-democrata frisou ainda que os números de famílias nesta situação estão a aumentar e que não são apenas “famílias pobres”, mas também “pessoas da classe média que já não conseguem aceder à habitação”.
“A covid-19 foi um acelerador da situação, mas não é desculpa para nada porque já tínhamos este problema”, apontou.
A agência Lusa tentou contactar o presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, que através da sua assessoria referiu não ter “qualquer comentário a fazer sobre o ato do sr. vereador do PSD”.
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