Ghislaine Maxwell, filha do magnata dos media britânicos Robert Maxwell, apresentou o príncipe Andrew ao consultor financeiro Jeffrey Epstein, que era o seu namorado à época, em 1999.
A socialite foi declarada culpada de vários crimes sexuais esta quarta-feira, incluindo o de recrutar e assediar raparigas para serem abusadas por Epstein, que se suicidou na prisão.
Maxwell, de 60 anos, foi declarada culpada por um júri de 12 pessoas num tribunal de Nova Iorque de cinco das seis acusações a que respondia, incluindo a mais séria delas, a de tráfico sexual de menores.
A filha de Robert Maxwell pode agora passar o resto da vida atrás das grades. O crime de conspiração para cometer tráfico sexual de menores é punido com pena de 40 anos de prisão. Mesmo os crimes mais leves de que foi agora considerada culpada são punidos com penas de cinco a dez anos.
Depois do primeiro encontro com Epstein, o segundo filho da Rainha Isabel II explicou que se encontrou com ele depois "de forma irregular e provavelmente não mais do que uma ou duas vezes por ano", indicando também que tinha se hospedado em "várias das suas residências".
Amplamente divulgadas nos meios de comunicação, há fotografias que atestam o seu vínculo. Elas mostram o ex-magnata, Ghislaine Maxwell e o príncipe a participar juntos num grupo de caça no domínio real de Sandringham (no leste da Inglaterra), em 2000.
Epstein e Maxwell também foram fotografados na festa de 18 anos da princesa Beatrice, a filha mais velha do príncipe Andrew, em 2006.
Noutra foto, mostrada no julgamento de Ghislaine Maxwell em Nova Iorque, ela é vista sentada ao lado de Epstein - que se suicidou na prisão - à entrada de uma cabana na residência real privada de Balmoral, na Escócia.
O príncipe Andrew afirma arrepender-se de encontrar Epstein novamente depois do americano ter saído da prisão em 2010, como atesta outra foto.
Epstein foi condenado em 2008 por ter induzido jovens à prostituição na Flórida. O objetivo desta sua última visita foi, segundo o príncipe, cortar laços com o ex-magnata.
Do que o Príncipe Andrew é acusado?
O príncipe Andrew é indiciado em Nova Iorque por abuso sexual de Virginia Giuffre, vítima do falecido bilionário norte-americano, facto que ele sempre negou.
Tanto Andrew como a sua acusadora não estiveram presentes no julgamento de Ghislaine Maxwell.
O príncipe é acusado de ter "agredido sexualmente" Giuffre, então menor, há mais de 20 anos, em três ocasiões: em Londres com Ghislaine Maxwell, e nas propriedades do empresário em Nova Iorque e nas Ilhas Virgens.
Uma fotografia mostra a jovem em pé e o príncipe - segurando-a pela cintura - com Ghislaine Maxwell ao fundo.
Um piloto que trabalhava para Epstein também testemunhou em julgamento que transportou celebridades como o príncipe Andrew, Donald Trump e Bill Clinton num avião do bilionário.
O príncipe Andrew, de 61 anos, sempre negou "categoricamente" tais acusações e questionou a autenticidade da foto. Em novembro de 2019, tentou defender-se em uma entrevista que o canal britânico BBC considerou como desastrosa. Nela, não se arrependeu de sua amizade com Epstein, nem demonstrou a menor empatia pelas vítimas do empresário.
Apesar de negar todos os crimes, o seu relacionamento com o ex-magnata norte-americano forçou-o a retirar-se da vida pública.
O veredito de culpa de Ghislaine Maxwell é negativo para o príncipe Andrew, embora o seu caso, que está em curso nos tribunais dos Estados Unidos, seja objeto de um julgamento separado.
O jornal Daily Telegraph acredita que a decisão apoia as palavras de sua acusadora, alimentando temores de que possa ser considerado "culpado por associação".
Na esfera judicial, nada muda para o príncipe, nono na ordem de sucessão ao trono britânico. Mas "por outro lado, até certo ponto, tudo mudou no que diz respeito à perceção do público", observou Jonny Dymond, correspondente real da rádio BBC.
Saudando o veredito no Twitter, Virginia Giuffre relembrou "o horror dos ataques de Maxwell" e disse que esperava que outros "fossem responsabilizados".
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