“Vai ser a criação que toda a gente que vai chegar a França vai ver como primeira imagem. Ele está a pensar numa imagem não só para marcar ‘Bienvenue’, mas uma imagem que vai ser uma representação dinâmica do que vai ser o ‘Grand Paris’. Não só ver a Torre Eiffel no centro, mas ver a Torre Eiffel como um dos elementos arquiteturais que constituiu este novo [conceito de] Paris”, detalhou o diretor artístico do projeto Grande Paris Express, José Manuel Gonçalves, à agência Lusa.
O Grand Paris Express, projeto na capital francesa avaliado em 35 mil milhões de euros que visa ampliar em mais de 200 quilómetros o Metro de Paris com quatro novas linhas, apresentou esta manhã aos jornalistas os diversos projetos artísticos que visam acompanhar este alargamento dos transportes públicos na região parisiense.
A gare de Orly, uma das novas infraestruturas, estará concluída até 2024, ano da realização dos Jogos Olímpicos em Paris, e é da autoria do arquiteto François Tamisier. Vhils e outro artista — cujo nome não foi divulgado – foram sugeridos por José Manuel Gonçalves a Tamisier que acabou por escolher o artista português, estando agora a obra em fase de projeto.
“Vai ser uma obra dinâmica, imensa. Vai ser uma forma de anamorfose, que no início as pessoas vão ver umas formas muito geométricas e depois vai aparecer uma interpretação da cidade com esses monumentos”, indicou José Manuel Gonçalves.
Apesar de ainda não haver uma estimativa do orçamento final desta nova obra de Vhils, o projeto será financiado pela sociedade de investimento privado Ardian.
José Manuel Gonçalves tem-se afirmado nos anos 2000 como uma das figuras incontornáveis do mundo das artes em França. O português, que chegou a França com 5 anos, é atualmente diretor do Centquatre-Paris, um dos espaços de arte contemporânea mais importantes da capital, e já dirigiu por duas vezes a Nuit Blache, que a cada 05 de outubro leva os parisienses a percorrem a cidade durante a noite através de instalações artísticas.
Atividades que não considera incompatíveis com a direção artística do projeto Grand Paris Express: “Mostrámos um processo de trabalho em relação ao território, mas não só uma maneira de o pensar, mas sim uma maneira de pensar esse mesmo território com os artistas. Foi isso que despertou o meu interesse até porque eu vivo também nesses espaços. É uma maneira de pensar o que vai ser o século XXI”, considerou.
A viver entre Paris e Clichy Montfermeil, o diretor artístico português contou à Lusa que demora atualmente quase duas horas a percorrer essa distância. Uma viagem que será encurtada para 20 minutos após a conclusão das novas linhas de metro.
Para José Manuel Gonçalves, também é importante mostrar que nos arredores de Paris não há só problemas. “Não pode ser só emoção em Paris e fora é só problemas. Sabe-se pouco sobre o que se passa nos arredores de Paris, mas há entre 250 a 300 espaços de arte muito importantes, com artistas mundialmente conhecidos. Esta rede vai revelar todo esse território”, afirmou.
Em maio de 2018, o Centquatre-Paris acolheu a exposição de Vhils intitulada “Fragments Urbains” (“Fragmentos Urbanos”) onde o artista nacional mostrou instalações monumentais e imersivas, com vídeo, portas de madeira, esferovite, objetos de sucata e cartazes.
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