“A relação do Brasil com os Estados Unidos é de Estado a Estado, independente de quem governa. Obviamente cada governo tem suas prioridades, suas características, mas continuaremos com os mesmos laços”, afirmou o vice-presidente brasileiro junto ao Palácio do Planalto.

Mourão assegurou que as insistentes declarações do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em apoio à candidatura de Trump não vão além de uma “opinião pessoal” e não afetarão as relações entre os dois países.

“Isso é um absurdo. É a opinião pessoal dele [Bolsonaro], embora quando o Presidente fala, ele o faz por todos, pelo Governo”, frisou Mourão.

Para o vice-presidente brasileiro, as boas relações entre Brasil e os EUA continuarão mesmo com a vitória do candidato democrata, Joe Biden, que já criticou a política ambiental do país sul-americano.

Sobre isso Mourão, que comanda o Conselho da Amazónia, considerou que se Biden for eleito terá outras prioridades maiores para enfrentar do que contestar as políticas do Brasil.

“Pode ser que a equipa do Biden tenha uma ação mais incisiva [para o meio ambiente]. Mas vamos lembrar que os Estados Unidos estão entre os países que mais emitem gás carbónico no mundo. Então, primeiro, eles têm de resolver os problemas deles, para depois vir para o nosso”, disse.

Tanto Biden quanto a candidata a vice-presidente Kamala Harris fizeram duras críticas à atual política brasileira para a Amazónia, a maior floresta tropical do planeta que sofre os maiores incêndios e ações de desflorestação em décadas desde que Bolsonaro ascendeu ao poder.

As críticas surgiram inclusive no primeiro debate entre Biden e Trump na reta final da campanha eleitoral, em que o candidato do Partido Democrata disse que o Brasil deveria “parar” a “destruição” da Amazónia, caso contrário enfrentaria “consequências económicas significativas”.

As declarações de Mourão aconteceram pouco depois de Jair Bolsonaro insistir em expressar seu apoio à candidatura de Trump.

“Estou confiante na reeleição de Trump porque será bom para o comércio e as relações diplomáticas com o Brasil”, declarou Bolsonaro numa entrevista à rede de televisão CNN Brasil.

Mourão, por sua vez, defendeu que o Governo brasileiro mantenha a neutralidade.

A posição do Brasil tem de ser “neutra, neutra, logicamente. Não temos nada a ver com os assuntos internos dos EUA”, concluiu o vice-presidente brasileiro.

Os EUA realizam hoje uma eleição considerada a mais polarizada da história do país, na qual Trump, candidato à reeleição, e Biden, a quem as pesquisas atribuem ligeira vantagem, disputam o poder e o comando da Casa Branca nos próximos quatro anos.