Esta diagnóstico sobre as características dos desempregados em Portugal foi feito por Vieira da Silva na Assembleia da República, logo na abertura do debate de urgência requerido pelo PS sobre "Mercado de Trabalho".

O ministro do Trabalho e da Segurança Social afirmou que, apesar de a taxa de desemprego se situar em torno dos 6,7% e de se verificar "um dinamismo do mercado de trabalho e do aumento dos fluxos de imigração", há fatores que requerem uma atenção especial.

"Exige-nos a todos uma atenção para um conhecimento mais aprofundado das características da população desempregada, visando reforçar e focalizar as políticas ativas de emprego neste grupo de pessoas. Assim, do total de desempregados registados no serviço de emprego em março de 2019, 28,4% encontravam-se inscritos há 24 ou mais meses, naquilo que se considera o desemprego de muito longa duração", apontou o membro do Governo.

Adicionalmente, de acordo com Vieira da Silva, regista-se "uma elevada preponderância de idades mais avançadas e muito baixas habilitações no conjunto dos desempregados de muito longa duração".

Neste grupo, acrescentou, "47,2% tem 55 e mais anos de idade e 41% possui habilitações iguais ou inferiores ao primeiro ciclo do ensino básico e 60,1% iguais ou inferiores ao terceiro ciclo do ensino básico".

"Trata-se, pois, de um público com marcada desvantagem relativa do ponto de vista da empregabilidade e, portanto, com maior dificuldade de integração no mercado de trabalho. Assim, à agenda política de combate à precariedade, à redução da segmentação laboral e do desemprego jovem, acresce a promoção da empregabilidade dos desempregados de longa duração", sustentou.

Na sua intervenção, o ministro do Trabalho considerou mesmo "essencial a promoção de políticas de integração social, com incentivos mais fortes de apoio ao desemprego de muito longa duração e a qualificação deste grupo social com instrumentos específicos adequados às suas características".

"A construção de um mercado de trabalho que melhore as condições de vida das e dos portugueses não pode prescindir da continuação de uma forte criação de emprego de uma redução dos níveis de precariedade, da recuperação da contratação coletiva, mas, igualmente, de políticas ativas fortemente orientadas para os mais fragilizados", completou.