Dos trinta lotes para habitação própria disponibilizados pela câmara municipal, apenas um não está ocupado, como disse à Lusa o presidente Jorge Fidalgo.
Em apenas meia dúzia de anos, os restantes 29 estão ocupados e o município vai disponibilizar mais lotes com a mesma condição: os compradores têm de ter um contrato de trabalho em Vimioso.
A mesma medida foi tomada anteriormente para atrair negócios para a zona industrial, mas a procura não tem dado os resultados esperados como reconheceu o autarca. “É muito difícil porque o nosso concelho continua a ter uma grande debilidade que são as acessibilidades” afirmou.
Os terrenos a um cêntimo o metro quadrado surgiram há cerca de 15 anos, em Vimioso, com o propósito de captar investimento para a zona industrial.
A medida foi depois alargada à habitação própria e os lotes disponibilizados estão praticamente todos ocupados por famílias jovens, com o município já a negociar a aquisição de mais terrenos para disponibilizar mais oito lotes.
“Em seis, sete anos apareceu tudo construído e foi numa altura da crise, em que a construção em Vimioso, por exemplo os empreiteiros, conseguiram ter ali uma boa oferta de pessoas a querer construir casa e também foi uma alavanca para a economia local”, apontou o autarca.
O objetivo “é fundamentalmente fixar os jovens em Vimioso”, que apenas têm o custo da construção, pois o município oferece e isenta o processo das outras despesas.
Os lotes têm entre 240 e 270 metros quadrados para moradias tipologia T3 e obedecem ao projeto que é oferecido pela câmara, assim como “licenciamento zero”.
“Temos um ótimo loteamento todo de gente jovem, até já está lá um parque infantil porque é ali que estão também os mais pequenitos”, enfatizou.
Em colaboração com a junta de freguesia de Vimioso, a câmara disponibilizou também outros lotes a “preços muito baixos com total liberdade de as pessoas poderem construir em função do seu gosto”.
Na zona industrial de Vimioso, o terreno também é vendido a um cêntimo o metro quadrado e os empresários pagam zero pelo licenciamento, o que, nas contas do presidente, significa uma poupança num “pavilhão com 500, 600 metros quadrados” na ordem dos “dez, 12 mil euros”.
As empresas estão também isentas de derrama e todas as taxas que a câmara pode isentar, mas os resultados são diferentes da habitação própria.
“Houve até alguns investimentos ou pessoas que vieram averiguar ou tentar informar-se sobre o que é, só que depois, com os acessos que nós temos, eles ficam um bocadinho receosos e a verdade é que acabam por não fazer os investimentos”, contou.
Jorge Fidalgo conclui que nestes territórios com pouca gente como Vimioso, que tem pouco mais de três mil habitantes, são “os locais, ou aqueles que têm raízes aqui, basicamente, que vão investindo”.
Prova disso são as empresas instaladas na zona industrial como a Cooperativa da Carne Mirandesa, considerado o “ex-libris” com 23 postos de trabalho, e outras ligadas à cortiça, ao mel, serrações de granito, “tudo muito à volta da agropecuária”, as matérias primas deste território.
Para breve, está prevista a instalação de um lagar de azeite e, segundo o autarca, “estão mais um conjunto de projetos à espera de financiamento” comunitário.
“É pena que concelhos como o nosso, para terem um financiamento, tenham que ir competir da mesma forma como outros, quando é necessário fixar aqui população. É extremamente complicado”, observou.
O autarca transmontano contesta que, para se investir num concelho maior e do litoral, os requisitos sejam os mesmos do que em Vimioso.
“Obviamente que as pessoas optam sempre pelo mais fácil e por aquilo que tem melhores condições em termos de acessibilidade”, considerou.
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