Na terça-feira, Xi reuniu com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietname, Nguyen Phu Trong, tendo os dois líderes anunciado que a China e o Vietname vão trabalhar em prol de uma “comunidade com um futuro partilhado”, no que foi visto como uma concessão diplomática de Hanói a Pequim.
A noção de “comunidade com um futuro partilhado”, lançada por Xi, visa contrariar a arquitetura de segurança erguida pelo Ocidente depois de a Segunda Guerra Mundial. Pequim acusa a doutrina ocidental de estimular o confronto entre blocos e minar a estabilidade em diferentes partes do mundo.
O país do Sudeste Asiático evitou utilizar esta expressão no passado, mas quis acalmar as preocupações de Pequim depois de, nos últimos meses, Hanói ter elevado os laços com os Estados Unidos e o Japão a “parceiros estratégicos abrangentes”, a mais alta designação oficial utilizada pelo Vietname para uma relação diplomática.
Pequim e Hanói elevaram a relação bilateral para aquele nível há 15 anos.
Xi voltou a referir a noção para uma nova arquitetura de segurança, durante uma reunião com o presidente da Assembleia Nacional do Vietname, Vuong Dinh Hue.
“Na próxima fase, ambas as partes devem reforçar a cooperação em vários domínios, incluindo a legislação, a fim de contribuir para a construção de uma comunidade com um futuro comum”, afirmou Xi.
Nguyen Khac Giang, membro visitante do Instituto ISEAS-Yusof Ishak de Singapura, disse que a concessão retórica de Hanói “não significa que o Vietname apoia as iniciativas políticas lideradas pela China”.
“Trata-se de um ato delicado de equilíbrio, particularmente após a elevação recente do nível das relações com os EUA e o Japão”, explicou. “Julgo que a medida é esperada, dado que Xi veio pessoalmente a Hanói”, afirmou Nguyen.
Xi também reuniu com o primeiro-ministro vietnamita, Pham Minh Chinh, e com o Presidente, Vo Van Thuong, na quarta-feira e vai terminar a viagem, depois de um encontro com jovens académicos vietnamitas e chineses.
Vietname e China mantêm laços fortes, mas também têm pontos de divergência significativos, principalmente no que se refere às reivindicações territoriais sobre ilhas do mar do Sul da China.
O Vietname é um dos vários países que contesta as reivindicações da China no disputado mar do Sul da China, especialmente em dois arquipélagos, as Ilhas Spratlys e as Ilhas Paracel. No passado, o Vietname enfrentou a guarda costeira da China nas águas disputadas.
A China tem sido o maior parceiro comercial do Vietname há vários anos, com um volume de negócios bilateral de 175,6 mil milhões de dólares (162,8 mil milhões de euros), em 2022, e um excedente comercial favorável a Pequim.
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