Há quanto tempo existem os Yakstars?
Fernando Marinho Pereira (FMP): O projeto existe há uns anos mas apenas conseguimos unir os astros, ou seja, ter três aviões, três pilotos e meios para sustentar o arranque da patrulha, em 2015.
A patrulha tem seis pilotos mas apenas três efetivos. O Fernando, o Pedro e o Jorge começaram as acrobacias na Força Aérea. É um percurso normal?
F.M.P: Na Força Aérea começamos a fazer um bocadinho de acrobacias depois das quadras operacionais. Vamos evoluindo e aprendendo algumas técnicas, novas manobras, e adquirindo uma coisa muito importante que é a experiência. E foi essa experiência da Força Aérea que nos trouxe até aqui.
A confiança é um dos fatores mais importantes da vossa equipa?
F.M.P: É fundamental. Estamos a falar de dois a três metros de distância uns dos outros, enquanto fazemos acrobacias. Se não confiarmos 100% uns nos outros não funciona.
O que é que caracteriza o vosso espetáculo?
F.M.P: É muito bonito. Creio que passamos uma imagem de profissionalismo e segurança. E depois é o espetáculo em si. Tentamos que seja apelativo e que as pessoas se divirtam.
Sei que há um record para bater no Portugal Air Summit 2018.
Temos uma grande amizade e uma relação próxima com os nossos colegas espanhóis e temos tido alguns encontros. No Portugal Air Summit vamos tentar ter 10 aviões Yak 52 em formação com pilotos portugueses, espanhóis e o americano Mike Steiger. O ano passado fizemos com nove e este ano vamos tentar bater o record. Não estamos a falar de aviões diferentes. Ter 10 aviões iguais em formação é coisa rara no mundo [algo que se veio a concretizar e que pode ver na publicação abaixo].
Estes encontros aeronáuticos são importantes em todos os aspetos?
F.M.P: São muito importantes. É bom para nós, é bom para o público e é bom para a região. Coloca-se a cidade de Ponte de Sor no mapa. Neste momento toda a gente fala desta cidade alentejana e isso é muito importante.
O Portugal Air Summit tem alguma vantagem, em termos de pista, em ser no Aeródromo de Ponte de Sor?
F.M.P: Há muitas vantagens. A primeira é a localização do espaço em si. Não há grandes cidades, logo, não há congestionamento de tráfego. Temos a cidade de Ponte de Sor a norte e não temos mais nada. As condições meteorológicas são excelentes e a pista é fabulosa, é uma das melhores do país, quase com dois mil metros de comprimento. E temos ainda uma paisagem lindíssima com a Barragem de Montargil a sul, árvores em ambos os lados e muito verde a acompanhar. É muito bonito e um espaço de eleição em Portugal.
Em termos profissionais, os três são comandantes da TAP e fazem voos comerciais que vos existem muita tranquilidade, enquanto as acrobacias pedem exactamente o oposto. Sentem necessidade dessa adrenalina?
F.M.P: Eu sinto muito. O que fazemos na linha aérea são voos diferentes que exigem um certo rigor, disciplina e calma. Temos regras definidas e o objetivo é simples e claro: levar os passageiros do ponto de partida ao de chegada, em segurança e com conforto. O voo acrobático permite-nos ter mais liberdade, conseguimos fazer o que mais gostamos que é voar, puxar pela adrenalina. É mais radical. Penso numa manobra e faço-a. Ambos são voos muito bonitos mas muito distintos.
No Portugal Air Summit estão rodeados de jovens que sonham seguir o vosso percurso profissional. São abordados por eles?
Pedro Cerveira Pinto: Somos abordados por muitos jovens e obviamente que olham para nós de uma forma especial. Sentimos que eles gostam de nos ver e quando metemos as máquinas a trabalhar vêm todos para a varanda. Além de ser um voo muito apelativo [o acrobático] é diferente do que eles fazem na escola, onde aprendem o essencial. A parte de acrobacia e de formação exige um treino e uma disciplina muito grande. Como o meu colega disse, os voos de linha aérea e os de acrobacia são muito diferentes mas ambos têm em comum a disciplina, sem ela não se consegue fazer nada disto. É talvez a coisa mais importante que tentamos transmitir aos pilotos mais novos: é preciso vontade e muito treino, mas acima de tudo disciplina.
E quem vos quiser seguir as pisadas?
P.C.P: Na Força Aérea é normal e faz parte do percurso enquanto nas escolas civis fazem apenas duas ou três manobras. Se quiserem seguir têm de procurar treino nesse tipo de voo em escolas de acrobacias ou juntando-se a pilotos experientes.
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