“Antes de mais, tenho planos para me encontrar com Xi Jinping”, sublinhou Zelensky numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros em Kiev, no dia em que se assinala um ano desde o início da invasão russa da Ucrânia.
O governante considerou o encontro “positivo” para os dois países e “para a segurança do mundo”, noticiou a agência Efe.
Zelensky acrescentou que “a China respeita a integridade territorial” dos países e que, “por isso, deve fazer todo o possível para retirar a Rússia” do território ucraniano.
O chefe de Estado ucraniano manifestou também esperança de que a China não envie armas para a Rússia, decisão que os Estados Unidos consideram que Pequim está a ponderar, garantindo que está a trabalhar para impedir essa realidade.
Sem dar detalhes sobre o local ou o momento em que este encontro pode ocorrer, Zelensky sublinhou novamente a “fórmula para a paz” apresentada pela Ucrânia, que prevê uma cessação das hostilidades que passa pela retirada russa e enfatiza o cumprimento dos princípios da Carta da ONU.
Pequim apresentou um plano de 12 pontos com vista a um cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia
No documento, a China apela a um cessar-fogo entre a Ucrânia e a Rússia e defende que o diálogo é a única forma de alcançar uma solução viável para o conflito.
O primeiro ponto destaca a importância de “respeitar a soberania de todos os países”, numa referência à Ucrânia.
O plano, divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, também pede o fim das sanções ocidentais impostas à Rússia, medidas para garantir a segurança das instalações nucleares, o estabelecimento de corredores humanitários para a retirada de civis e ações para garantir a exportação de cereais, depois de interrupções no fornecimento terem causado o aumento dos preços a nível mundial.
Ao longo do último ano, a China evitou condenar a Rússia pela sua campanha militar na Ucrânia e acusou a NATO e os Estados Unidos de estarem a fomentar este conflito e de “não terem em consideração as legítimas preocupações de segurança” de Moscovo.
O Presidente ucraniano explicou que pretende, ao abordar países como China ou Índia – que esta quinta-feira se abstiveram de votar na ONU uma resolução, apresentada por Kiev, que condenou a guerra da Rússia contra a Ucrânia – que estes exerçam a sua influência para conseguir a retirada das forças russas do seu território.
Zelensky procura também trabalhar para que países de África e da América Latina, que até agora evitaram apoiar abertamente a Ucrânia, se juntem nesses esforços.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, há exatamente um ano, 8.006 civis mortos e 13.287 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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