Todos os anos é igual. E, bem-dita a verdade, tem sido um pouco mais igual nos últimos anos. Pelo menos desde que a China entrou em campo nas contratações milionárias de jogadores de futebol de que os 60 milhões de Óscar (do Chelsea para o Shanghai SIPG) são o mais recente exemplo.

Até às 23:59:59 segundos de ontem, 31 de janeiro, houve rumores, negócios abortados, muitos negócios fechados, poucas transferências milionárias e empréstimos por todo o lado.

A agitação foi enorme. Nos media e no Twitter, o jogo de quem joga e quem paga “ferveu” ao longo do dia mais longo e frenético de grande parte da Europa, deixando para segundas núpcias os mercados endinheirados da Rússia e da Ucrânia, que, diga-se, tem estado até ao momento pouco ativos. Pelo menos na compra, porque na venda Axel Witsel, que se mudou para o Tianjin Quanjian, já tinha rendido 20 milhões ao Zenit, equipa que, por sua vez, assegurou a custo zero Ivanovic, ex-Chelsea.

Marco Silva contrata, Mourinho vende

Em Inglaterra, o Manchester City fez a maior compra com a contração de Gabriel Jesus ao Palmeiras por 32 milhões de euros, seguindo-se o Everton com a aquisição de Morgan Schneiderlin ao Manchester United, por 27,7 milhões de euros. O Hull City, de Marco Silva, esteve bastante ativo até ao último segundo do último dia reforçando-se para tentar ficar na Premier League, garantindo o polaco Kamil Grosicki. E o Burney bateu o valor record de 15 milhões de euros, de acordo com a imprensa inglesa, com o internacional irlandês Robbie Brady. Outro valor ultrapassado, mas na venda, o Watford concretizou a transferência milionária de Ighalo para a China (20 milhões de euros para o Changchun Yata). No Manchester United, José Mourinho revelou outro dom “especial”: o de vendedor. Para além de Schneiderlin, Memphis Depay trocou os reds pelo Lyon (18 milhões de euros). E por falar em vender bem, na Grã-Bretanha Dimitri Payet deixou o West Ham rumo a Marselha a troco de 29 milhões de euros.

França despesista e apresentadora da Sky News “contratada” pelos olhos de Balotelli

Com Depay e Payet a fazerem o “Brexit” para o outro lado do canal da Mancha, o PSG foi um dos grandes agitadores desta janela de transferências. Gastou 42 milhões de euros em Julian Draxler (Wolfsburg) e 30 milhões em Gonçalo Guedes (Benfica).

Por Espanha, com Real de Madrid e Barcelona “fora de jogo” nas compras e com a equipa da capital a emprestar Lucas Silva ao Cruzeiro e os da cidade condal a reforçarem a equipa B, de Valência veio a grande “operação”. Para garantir o Fair Play Financeiro “operacionalizou” o chileno Orellana (Celta de Vigo). De resto, com 40 entradas, 43 saídas e 19,55 milhões em contratações foram os pequenos Leganes e Sporting Gijon que animaram o dia. O Granada “despachou” oito jogadores, contratou 5, entre os quais o emprestado Wakaso (Panathinaikos).

Em Itália, dois clubes “puxaram da carteira”: Nápoles (Manolo Gabbiadini e Leonardo Pavoletti) e Juventus (Mattia Caldara). Já o Inter, de João Mário, socorreu-se da amizade chinesa e recebeu, por empréstimo, o australiano Trent Sainsbury, vindo dos chineses do Jiangsu Suning.

Contenção é a palavra para caracterizar o mercado alemão. A exceção veio da cidade dos Volkswagen, com o Wolfsburg a gastar 24,2 milhões de euros em Riechedly Bazoer e Yunus Malli.

E apesar das cinco principais ligas europeias terem registado 524 transferências e a entrada de 758 milhões de euros, para Mario Balotelli a (falta) de animação no mercado foi tal que escreveu na sua conta de Twitter que a apresentadora da Sky era bem mais interessante.

Benfica encaixa 45 milhões. Sporting aposta no regresso dos filhos de Alcochete

Se Guedes já tinha ido para França a troco de 30 milhões de euros, nas últimas horas o Benfica confirmou que Hélder Costa rumou ao Wolverhampton por 15 milhões de euros. Dois produtos do Seixal que permitiram a entrada de 45 milhões nos cofres. Com dinheiro na mão, as apostas falam português: Pedro Pereira regressa a uma casa que conhece vindo do Sampdoria e Filipe Augusto deixa o Rio Ave.

Jorge Jesus e Bruno de Carvalho emagreceram o plantel leonino cedendo compras de verão (Petrovic, Elias, Markovic e Melli) e recuperando empréstimos feitos nessa altura (Podence, André Geraldes, Francisco Geraldes e Ryan Gauld). O entre e sai foi norma noutro Sporting. Mais a norte, em Braga. Emprestou Xeka ao Lille e assegurou o argentino Federico Cartabia.

Se o Belenenses “mudou” oito jogadores, o Porto esteve mais sossegado. Soares é o nome que se ouvirá. Quem já não mora, por enquanto, no Olival, é Sérgio Oliveira, que será treinado em Nantes, por outro Sérgio (Conceição) que passou pelo Dragão.

A animação made in China

Ainda em aberto, Rússia, até 24 de fevereiro, Ucrânia, 2 de março, e China, 28 de fevereiro, podem, com poder de compra, agitar o mercado e inflacionar o valor das transferências. Assim como o Brasil, que encerra a 4 de abril.

A China, para onde se mudou Alexandre Pato, que trocou o Villareal pelo TJ Quanjian, de Fabio Canavarro, apesar da recente medida de redução de jogadores estrangeiros de campo, de 4 para 3, é a esperança mais rentável para quem está como vendedor.

Hoje é outro dia. Ontem clubes e jogadores, com empresários à mistura, escolheram as melhores propostas, escolheram novos emblemas e uma nova vida. Uns ainda escolheram a palavra não (Drogba declinou o convite do Corinthians), escolhendo ficar onde estavam. Pelo menos, por enquanto. Os adeptos, esses, que há muito escolheram as cores dos clubes do coração resta, por agora, escolher os novos heróis que outros escolheram e vão escolher por si.

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