A seleção da Alemanha foi goleada pela congénere espanhola. 6-0. No dia seguinte ainda soa estranho. A poderosa Die Mannschaft, campeã do Mundo em 2014, no Brasil, eternizada pelo 7-1 à Canarinha, nesse mesmo Mundial, uma goleada tão absoluta que cada vez que a Internet encontra um “um” e um “oito” não resiste e já sabemos que o David Luiz está a um scroll de distância.
A derrota sofrida diante da Espanha, no jogo da última jornada da Liga das Nações que valeu a Luis Enrique e aos seus pupilos um lugar na final four de uma competição que terá garantidamente um novo campeão — uma vez que Portugal não conseguiu a qualificação para o ‘mata mata’ para defender o título —, foi a pior da história da Alemanha em jogos oficiais.
A última vez que a seleção alemã tinha sido goleada os calendários assinalavam o dia um de setembro de 2001. Aconteceu diante de Inglaterra, num jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2002, o primeiro organizado por dois países, Coreia do Sul e Japão. Na altura, a Alemanha tinha Oliver Kahn na baliza, Michael Ballack no meio-campo, Carsten Jancker na frente e Miroslav Klose, futuro melhor da história de Mundiais, com 16 golos, no banco. Os ingleses venceram por 1-5 com um hattrick do Bola de Ouro Michael Owen.
Há 19 anos, Manuel Neuer era um jovem de 15 anos que fazia parte dos juniores do Schalke 04. Da mesma maneira que, provavelmente, não imaginava que com mesma idade que Kahn naquele jogo pisava a linha da baliza já somaria no currículo uma Liga dos Campeões, um Mundial e mais do que duas mãos cheias de títulos alemães, Neuer, um dos melhores guarda redes do futebol moderno, baluarte do poderio da Mannschaft e do Bayern Munique, não podia imaginar que 19 anos depois estaria na mesma pele que Oliver Kahn.
O guarda-redes do Bayern não só assistiu bem de perto à derrota mais pesada da seleção alemã como, pela primeira vez na carreira, sofreu seis golos num só jogo. E como estas histórias quase que se escrevem sozinhas, tudo isto aconteceu no encontro em que Neuer celebrava a sua 96ª internacionalização e passava a ser o guarda-redes que mais vezes calçou as luvas da seleção alemã.
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