“Felizmente, neste negócio aprendemos a desconectar-nos de sentimentos, pois temos de nos concentrar apenas nos problemas que temos que resolver. Depois de tanto tempo nestas funções, preciso aprender a reconectar-me com os meus sentimentos (…) esta é uma história que vai acabar. Tive a sorte de trabalhar muito tempo num clube desta dimensão. Será um novo começo para mim”, desabafou.

A despedida, em forma de goleada 5-0 ao Burnley, que ameaçava o seu sexto lugar no campeonato, passou para segundo plano, até porque Wenger teve também muito ‘dedo’ no Emirates, já que ajudou em vários aspetos do seu planeamento.

“É um dia muito triste porque eu vim aqui tirar fotos quando isto era apenas uma pilha de lixo [aterro de uma zona industrial]. Trabalhei em todos os aspetos deste estádio, desde a sala de imprensa a todas as outras áreas. Por isso, é, em parte, graças a mim que as pessoas que me sucederem poderão trabalhar em boas condições”, recordou.

Wenger escusou-se a opinar quanto ao seu sucessor, ainda desconhecido, por não desejar pressionar o clube, porém deixa a certeza de que o próximo treinador “vai herdar uma equipa que é muito melhor do que se possa crer (…) com um espírito coletivo especial”.

Dos adeptos leva a certeza do seu “respeito e apreço pelo total compromisso e integridade” que entende ter pautado a sua relação com o clube.

Após 840 jogos no campeonato inglês, assume que precisa ainda de algum “distanciamento” para poder selecionar os seus melhores momentos.

“Por vezes, a melhor forma de fazer as pessoas felizes é partir. A minha ambição sempre foi a de vencer com estilo, para que os adeptos vivam uma bela experiência sempre que vêm ao estádio. Um treinador ainda tem prazer quanto a sua equipa joga em conjunto como hoje. Estamos sempre felizes quando somos unânimes, mesmo que de quando em quando”, concluiu.