Na época 1954/55, o conjunto do Restelo entrou para a 26.ª e derradeira ronda com mais um ponto do que o Benfica, mas falhou a conquista do que seria o seu segundo título, ‘oferecendo-o’ aos ‘encarnados’, ao empatar 2-2 na receção ao Sporting.
Em 24 de abril de 1955, nas Salésias, um golo do ‘leão’ Martins, aos 86 minutos, selou a igualdade final e ‘transferiu’ a festa para a Luz, onde, sem dificuldades, o Benfica ganhou ao Atlético por 3-0, ‘fechado’ por José Águas, aos 48 minutos.
Os ‘azuis’ até tinham iniciado o encontro da melhor forma, com um tento de Perez, logo aos três minutos, e voltaram a ganhar avanço aos 41, pelo ‘mítico’ Matateu, depois de, aos 11, o ‘violino’ Albano ter selado uma primeira igualdade.
Com o empate, o Belenenses falhou a repetição do cetro de 1945/46, ao acabar o campeonato com os mesmos 39 pontos do Benfica, de Otto Glória, que prevaleceu graças ao confronto direto (2-1 fora, com tentos de Palmeiro e Coluna, e 0-0 em casa).
A situação do clube do Restelo é única, pois, nas restantes 83 edições da principal prova do calendário luso, o primeiro à penúltima ronda foi sempre campeão, nomeadamente nas outras 28 vezes em que o título só se decidiu na última ronda.
E, mesmo contando com o Belenenses de 1954/55, o que nunca aconteceu foi o líder ainda não campeão após a penúltima jornada perder na última: 25 vitórias e quatro empates é o registo.
Desta forma, ao Benfica serve, neste sábado, qualquer dos resultados, pois o conjunto comandado por Bruno Lage só precisa de um ponto na receção ao Santa Clara para selar o 37.º título, independentemente do resultado do FC Porto em casa com o Sporting.
Para os ‘encarnados’, trata-se da 10.ª vez em que enfrentam a última jornada ainda sem o título arrecadado, mas na frente, a dependerem apenas de si próprios.
Nas anteriores nove, nunca falharam, três vezes ‘ameaçados’ pelo FC Porto – esta será a quarta -, também três pelo Sporting, uma pelos dois rivais, uma pelo Belenenses e outra pelo Sporting de Braga.
Em todas estas ocasiões, o Benfica respondeu à altura, a última em 2015/16: tinha de ganhar em casa ao Nacional e venceu por 4-1, acabando com dois pontos à maior sobre o Sporting, de Jorge Jesus, que goleou em Braga por 4-0 e tinha vantagem no confronto direto.
Nas outras duas vezes no século XXI, o Benfica também não falhou, nomeadamente em 2009/10, ao bater em casa o Rio Ave por 2-1, sendo que lhe bastava um empate para ficar à frente do Sporting de Braga, que até empatou (1-1 com o Nacional).
Em 2004/05, e uma semana após vencer em casa o Sporting por 1-0, com um golo a acabar de Luisão, o Benfica conseguiu face ao Boavista, no Bessa, o ponto (1-1) de que necessitava, então para acabar com uma ‘seca’ que durava desde 1993/94.
Nas restantes ocasiões, o Benfica goleou o FC Porto em 1936/37 (6-0 em casa), o Varzim em 67/68 (8-0 em casa) e o União de Tomar em 68/69 (4-0), e, pelo meio, superou três vezes a Académica, em 37/38 (3-1 em casa), 42/43 (4-3 fora) e 56/57 (2-0 em casa).
Por seu lado, os ‘dragões’ já partiram oito vezes a depender de terceiros para arrebatar o cetro na última ronda e nunca o conseguiram: quatro face ao Sporting, três perante o Benfica e uma face aos dois rivais lisboetas.
Os portistas cumpriram a sua parte em metade das ocasiões, batendo o Belenenses em 1937/38 (1-0 fora), 1957/58 (3-1 fora) e 1968/69 (1-0 em casa) e o Vitória de Setúbal em 1956/57 (4-1 em casa), mas não o conseguiram nas restantes.
O FC Porto falhou em 1961/62, ao perder por 1-0 em Guimarães, e também nas últimas três ocasiões: derrota por 2-0 na casa do Sporting de Espinho, em 1979/80, desaire por 2-1 no reduto do Gil Vicente, em 1999/2000, e empate caseiro, a um golo, com a Académica, em 2004/05.
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