"Em primeiro lugar, boa noite a todos os leões e leoas aqui presentes", começou por dizer Bruno de Carvalho. Depois continuou: "hoje foi uma grande vitória daquele que é o maior clube de Portugal e daquele que é o maior clube do mundo, o Sporting Clube de Portugal".

De seguida falou no recorde de 30 anos que "foi quebrado". Bruno de Carvalho consegue um resultado melhor do que o de João Rocha, no primeiro ano em que as eleições não tiveram lista única. Também Gonçalo Nascimento Rodrigues, líder da Lista C, acaba por ter uma mini-vitória, suplantando em termos de votos a lista de Pedro Madeira Rodrigues para o mesmo órgão.

Ainda assim, o discurso de Bruno de Carvalho deve ficar marcado por uma forte declaração para quem se opõe ou não esteja com o clube leonino: "Bardamerda para todos aqueles que não são do Sporting Clube de Portugal". A frase era uma citação do seu tio-avô, o Almirante Pinheiro de Azevedo, antigo primeiro-ministro de Portugal.

Os rivais também não foram esquecidos pois o líder leonino considerada que "mostrámos aos nossos rivais o que é que somos: somos o Sporting Clube de Portugal e eles não podem fazer nada quanto isso".

Deixou ainda a ressalva que os últimos quatros anos foram de um período muito difícil em que os sportinguistas tiveram que "escavar o caminho" numa luta "contra tudo e contra todos." No entanto, explicou que agora se vai iniciar um novo ciclo em que aquilo que quer é escrever as paredes "de glória".

Justificou esta ideia com a prova "inequívoca" de que esta noite o clube pode demonstrar a todos qual é a verdadeira "dimensão do Sporting Clube de Portugal".

"Quero dizer-vos a todos que não vale a pena estarmos a olhar para estes resultados e vir dizer que os sportinguistas estão divididos. Estão unidos, estão coesos, estão fortes, os sportinguistas sabem o rumo que querem seguir", esclareceu.

"Os sportinguistas querem ser campeões" e "é muito importante para os próximos quatro anos aquilo que se passou aqui hoje".

Mas era essencial passar a mensagem de um crescimento verde e de que o objetivo é colocar o clube novamente no topo.

"É muito importante termos demonstrado esta vitalidade. É muito importante termos demonstrado que o Sporting está vivo e que nós queremos o Sporting outra vez no topo. E que independentemente de sermos constantemente prejudicados por tudo e por todos, nós estamos aqui e queremos deixar uma mensagem inequívoca: somos os melhores, e sem dúvida nenhuma o melhor clube de Portugal!"

Bruno de Carvalho não esqueceu os presentes no dia de ontem em Alvalade. No seu discurso fez questão de frisar que estava grato pela sua dedicação por terem escolhido passar "um dia de leão".

"A todos aqueles que não se importaram de passar uma a duas horas nas filas para vir votar. É essa a responsabilidade que vocês nos deram. É essa a responsabilidade que nós sabemos que temos."

Faz parte, fica bem e é bonito dizê-lo. Especialmente depois de uma vitória tão expressiva como a desta noite. Mas o agora reeleito presidente leonino sabe que tem uma margem mais curta perante os associados e a pressão estará sempre presente.

"Não há margem para falhar. Vocês merecem tudo. E nós, os novos Órgãos Sociais que fomos eleitos, vamos dar ainda mais; vamos fazer ainda mais; vamo-nos superar ainda mais. Temos que ser campeões porque vocês merecem tudo".

Eram mensagens proeminentemente dirigidas àqueles que estavam presentes. Mas quem faltou não foi esquecido. Assim como aqueles que não votaram em si.

"Para todos aqueles que tiveram em casa, para todos aqueles que não tiveram o resultado que esperavam, a única coisa que vos quero dizer é o seguinte: o Sporting é um clube de sportinguistas. É um clube democrático congregador. Não quer mais suspeitas ou ataques pessoais. O Sporting tem uma palavra a dizer sabendo o que é que queremos. E a partir de hoje, sou o presidente de todos os sportinguistas", começou por dizer.

"Estavam 45 mil pessoas que podiam votar. Batemos o recorde. Foram mais de 18 mil. Eu não vou criticar aqueles que não vieram cá. Vou dizer-lhes que percebo e que entendo. Mesmo assim batemos um recorde com quase trinta anos. É importante percebemos que é importante ganhar e perder. Mas hoje quem ganhou foi aquele que é o nosso grande amor: o Sporting Clube de Portugal", continuou.

Disse também que tinha ouvido na televisão que era um populista. Respondeu que não o era porque o que gostava era de estar com os adeptos e sócios. Assim como não esqueceu as listas que se candidataram contra si. Referiu que ainda que corressem contra ele, fizeram com que o clube se unisse durante a época de campanha e que todos juntos conseguiram "mobilizar os sportinguistas".

"Os nossos rivais parem de falar de um Sporting dividido. Que este é um Sporting com problemas. Não, este é um sporting onde quase 90% dos sportinguistas disseram, 'presidente siga em frente' e é isso que vou fazer 24 sobre 24. Vou-me superar cada vez mais. Quero chorar a vosso lado de alegria. Quero saltar, quero gritar, quero dizer 'Viva o Sporting Campeão'. É este o meu objetivo para os próximos quatro anos".

E perante os "mais de 18 mil" que disseram sim ao seu "convite", agradeceu à família, pois foram eles que "acreditaram" nele desde a primeira hora. "Aqueles que lhe dão carinho, amor, compreensão. Obrigado por tudo".

Depois frisou que este o próximo mandato "não era muito mais difícil que o anterior", mas que era muito "mais responsável". Porque a sua direção tem que corresponder à exigência que lhes é cobrada porque o querem fazer os adeptos "felizes" ao escrever "páginas e páginas de glória". Em resumo, Bruno Carvalho vê o futuro sem desculpas.

"Vejo nesta campanha um amor sem limites pelo Sporting. É uma lealdade ao nosso clube. É ser um de vocês. É com vocês que me sinto bem. Não é com os comentadores de televisão. É com vocês sportinguistas, a minha família".

E depois pediu aos rivais para acordarem porque o Sporting "está aqui para ficar" e para "liderar" porque todos juntos "somos mais de 3 milhões e meio".

Para os críticos a resposta é simples: "estádios e pavilhões cheios" por adeptos que quando chamados "dizem sempre presente". Justificação que encontra porque assegura que nunca viu nenhum sportinguista a "queimar cartões ou cachecóis" ainda que o clube esteja sem "ganhar durante 18 anos".

Alertando: "Começou, de facto, uma nova era. Uma era em que o Sporting Clube de Portugal deixou de ter medo." E deixa uma garantia: “Vamos dizer o que estão a fazer mal, porque quem fizer mal ao Sporting é meu inimigo e darei a vida pelo clube se for preciso”.

Foi um discurso denso e empolgante que foi subindo de tom ao longo da exposição. Mas que vincou a personalidade já reconhecida do dirigente leonino que foi igual a si próprio. No final, fez questão de chamar num primeiro momento o atual e "próximo" presidente da Assembleia Geral, Jaime Marta Rodrigues e Gonçalo Nascimento Rodrigues, nome que encabeçou a Lista C ao Conselho Leonino e que foi adversário da sua Lista B. Depois, chamou a família e Daniel Sampaio, seu mandatário, e restantes membros da sua lista que foram consigo eleitos.

À Sporting TV

Em entrevista à Sporting TV, pouco depois do discurso de vitória perante os adeptos presentes em Alvalade, Bruno de Carvalho frisou que quer ser “campeão em todas as modalidades, mas especialmente no futebol e mais do que uma vez”.

“Dizer isto aumenta a minha responsabilidade, mas temos que o dizer sem medo, face ao que conseguimos no primeiro mandato, a restruturação financeira, os recordes de sócios e assistências e quatro das maiores 10 vendas de jogadores de sempre, a primeira a maior de um jogador português”, frisou.

Bruno de Carvalho, que foi reeleito com 86,13 por centos dos votos, classificou as eleições como “muito importantes”, face a uma “mobilização muito grande”, que deu origem ao recorde de votantes, superando o registo de 1988.

“O Sporting mostrou ao Mundo a forma como estão os sportinguistas: firmes, coesos e juntos. Esta eleição aumenta exponencialmente a minha responsabilidade. Sabemos que não temos margem de erro”, reconheceu.

Apesar do aumento da responsabilidade, Bruno de Carvalho disse que “não há nenhuma hipótese de falhar” e prometeu superar-se e “fazer mais e melhor, pelo sporting e pelos sportinguistas”.

“Foram quatro anos duros, pois a casa estava desarrumada e tivemos de a arrumar, mas conseguimos fazê-lo muito rapidamente”, frisou, lembrando que encontrou com clube em “pré-falência” e numa altura em que até se “falava em descer de divisão”.

O líder dos ‘leões’ sente-se preparado e motivado, depois do que viu ao longo do dia de sábado e da madrugada de domingo.

“Hoje pusemos Portugal em sentido. Gerámos uma preocupação muito grande (nos nossos adversários). Os sportinguistas tornaram este dia num dia espetacular”, frisou, acrescentando que o Sporting tem de ser “o primeiro em tudo”.