
"Venho pedir desculpa a todos pelas coisas que escrevi neste post. Já alterei o texto pois, apesar da frustração e sentimento de revolta terem sido tremendos, nunca devia ter escrito muito do que escrevi. Desculpem este meu lado humano que teve a fraqueza de ficar arrasado com tudo o que vi e senti na AG."
É assim que Bruno de Carvalho começa a publicação agora editada, onde antes anunciava que ia impugnar a Assembleia Geral que destituiu o Conselho Diretivo que presidida (com 71,36% votos a favor da destituição, contra 28,64%).
De recordar que no passado dia 24 de junho, Bruno de Carvalho anunciou, também no Facebook, que não aceitava a nomeação de Sousa Cintra para a presidência da SAD, referindo ainda que ia impugnar os resultados da assembleia geral de sábado e apresentar nova candidatura à presidência do clube — de recordar também que após o término da AG, Bruno de Carvalho tinha dito aos sócios que não se candidatava “de certeza”, decisão que acabou igualmente por repensar.
Também em entrevista à SIC, ontem à noite, afirmou: "Vamos impugnar [a AG] exatamente porque há uma série de razões para poder ser impugnada", porque existem "erros desde o início em que foi marcada", detalhou. "Esta AG estava ferida de ilegalidades".
Na publicação agora editada, já sem recurso a ofensas e sem referência à dita impugnação, Bruno de Carvalho reitera a recandidatura nas eleições marcadas para 8 de setembro.
"Porque temos de dar a voz aos Sportinguistas mas temos de ser correctos na sua avaliação e depois no cumprimento das formalidades, vou a eleições. Vamos ver quem vence!Eu vou à luta! Por muito que me queira afastar, não consigo! Bem sei o que disse amargurado, traído, ferido, mas NÃO consigo... Amo o Sporting CP e quero continuar a acreditar num Sporting CP onde não exista um divisão constante entre "Viscondes" e Sportinguistas de segunda. Tem de ser um Clube de todos e para todos! Eu posso perder mas sim: não vou desistir! Até que os sócios me abandonem em definitivo quero acreditar que pode existir um Sporting CP renovado e a continuar no Rumo Certo!"
Artur Torres Pereira, presidente da Comissão de Gestão, explicou, em conferência de imprensa, que a Comissão de Gestão e a solução encontrada para a SAD — agora liderada por Sousa Cintra — deverão manter-se até novas eleições para os órgãos sociais do clube, e que os membros deste órgão começarão a trabalhar a partir desta segunda-feira nas instalações do Sporting.
Respondendo a notícias que davam conta de Sousa Cintra ter sido barrado à entrada do Estádio de Alvalade, o porta-voz da SAD do Sporting, Fernando Correia explicou que este “ainda não se apresentou” e que Bruno de Carvalho, que reitera ser ainda o presidente da SAD, espera para reunir-se com Sousa Cintra para “trocarem impressões e cumprir os formalismos necessários”.
“O próprio presidente do Conselho de Administração da SAD [Bruno de Carvalho] enviou duas mensagens a Sousa Cintra dizendo que estava à espera dele na SAD a fim de trocarem impressões e de ele ocupar o lugar para que foi designado, e cumprir os formalismos necessários”, afirmou Fernando Correia.
Segundo o assessor, clube e SAD “são coisas distintas”, uma vez que o primeiro é o principal acionista do segundo, e Bruno de Carvalho considera que será “ainda presidente do Conselho de Administração da SAD até que se realize uma Assembleia Geral” de acionistas que “resolva o assunto, ao reconduzi-lo ou destituí-lo”.
A Assembleia Geral destitutiva
A 23 de junho aconteceu uma das mais concorridas assembleias gerais de sempre do Sporting, em que votaram 14.735 sócios. Bruno de Carvalho, que marcou presença e votou pouco depois das 20:00 de sábado, permaneceu no recinto até ao anúncio dos resultados.
A AG foi convocada com o objetivo de decidir o afastamento ou a continuidade de Bruno de Carvalho, figura central de uma crise que se agudizou com a perda do segundo lugar na I Liga de futebol e a invasão de adeptos à Academia do Sporting, em Alcochete.
Bruno de Carvalho, que em fevereiro viu uma larga maioria de sócios legitimar o seu mandato — aprovando alterações aos estatutos e ao regulamento disciplinar, e a continuidade dos órgãos sociais — foi o primeiro presidente a enfrentar a possibilidade ser afastado em quase 112 anos de história do clube. O que se veio a verificar no fim desta AG, com 71,36% votos a favor da destituição.
Eleito em 2013 e reconduzido em 2017, Bruno de Carvalho considerou, desde o início, que a AG destitutiva era ilegal, e garantiu, mais tarde, que não marcaria presença no plenário — decisão que veio a reverter.
A AG foi convocada por Jaime Marta Soares em 24 de maio, numa altura em que presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG) já tinha dito publicamente que se demitira, embora nunca tenha formalizado o pedido. Além da MAG, o clube ficou também sem quórum no Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD), e o Conselho Diretivo (CD), liderado por Bruno de Carvalho, perdeu seis membros.
A maioria dos pedidos de demissão surgiram logo após 15 de maio, dia em que vários futebolistas do plantel e elementos da equipa técnica e do staff foram agredidos na Academia por cerca de 40 adeptos encapuzados, dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Estes acontecimentos, levaram os futebolistas Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Podence, Ruben Ribeiro e Rafel Leão a rescindirem contrato alegando justa causa.
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