No balanço financeiro apresentado neste último dia 3 de maio, o Corinthians mostra uma dívida total de 665 milhões de reais (perto de 120 milhões de euros), tendo um crescimento de 177 milhões de reais em 2019. Isso sem contar com a dívida com a construtora da Arena Corinthians, estádio construído para a Copa de 2014, que é contabilizada à parte pela empresa criada para a administrar.
A ponta do icebergue, que chamou a atenção dos torcedores, foi a conta da luz. Mas esse foi só um sintoma de uma doença muito mais grave de um clube que já tinha dificuldades antes da paralisação gerada pela pandemia. Um clube entre vários na mesma situação, só para contar a triste história dos clubes de elite no Brasil.
São Paulo e Santos também apresentaram défices enormes nas suas contas e dificuldades de fundo de maneio. O Vasco não pagou, ainda, nenhum salário referente a 2020 e, no Rio, os seus rivais, Botafogo e Fluminense, também vivem uma situação muito complicada. Isso sem falar no Cruzeiro, que desceu de divisão no ano passado e está em situação desesperante.
Articula-se com o Governo uma nova bóia de salvação para as dívidas ao Estado, mas já passou da hora dessa conivência com a má gestão terminar. Não é aceitável que, ano após ano, clubes acumulem dívidas em prol da ilusão do torcedor, contratando jogadores que não pode pagar e fazendo contratos que não vai honrar. Se internamente, no Brasil, não há quem os cobre, a FIFA parece estar começando a incomodar.
Com dívidas em transferência de atletas, cobradas junto da FIFA, vários deles correm risco de perder pontos no próximo campeonato. É uma forma de, quem sabe, incomodar os torcedores para que sejam mais ativos na cobrança dos gestores de seus clubes.
A inesperada crise generalizada causada por este vírus pode ser um fator importante para a consciencialização e cura de uma doença muito mais crónica nos clubes de futebol do Brasil. O Flamengo já mostrou o rumo e a profissionalização é um caminho sem volta. Quem não prestar atenção, vai ficar para trás.
São vários os clubes médios que querem ser grandes e os chamados grandes estão a encolher. Não dá mais para aceitar situações como essa, com péssimos gestores saindo impunemente de tamanha incompetência (para não falar de más intenções).
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