O ano de Cristiano Ronaldo começou em Zurique, na Suíça, na cerimónia de gala de entrega do prémio da Bola de Ouro, a maior distinção individual que um jogador de futebol pode receber.

Sentado ao lado de Lionel Messi, viu o rival argentino levantar-se para receber a 5ª Bola de Ouro da sua carreira. Sem olhares tortos. Afinal de contas era incontestável: o 10 do Barcelona foi o melhor jogador do Mundo em 2015.

Talvez este tenha sido o mote para o ano de ouro de Ronaldo. O seu rival estava agora a duas Bolas de Ouro de distância. Algo provavelmente incompreensível na mente do craque madeirense. Afinal de contas o português é o melhor de todos, palavras do próprio. E para voltar a ser o melhor aos olhos de todos, era preciso outra Bola.

O extremo dos merengues não perdeu tempo. Seis dias depois, no primeiro jogo depois da cerimónia da FIFA na Suíça, Cristiano Ronaldo bisa na goleada de 5-1 do Real Madrid ao Sporting Gijón. Duas jornadas depois, ‘assina’ um hat-trick frente ao Espanyol.

Ronaldo estava ali. Não era preciso saltar, rodar e estender os braços. O mundo sabia.

Na Liga Espanhola marcava e vencia, mas acabou por não ser o suficiente para conseguir o seu segundo título de campeão. Cada jornada acabou por ser um aquecimento para os jogos da Liga dos Campeões. Nesses Ronaldo brilhou, sem nunca parar.

Foi o melhor marcador da "liga milionária", na final bateu o penálti que deu a vitória ao Real Madrid e, no fim, levantou a "orelhuda"; a terceira da sua carreira.

Uma época “e pêras” na Liga dos Campeões, mas na "sombra" de Suárez na La Liga, o que impediu de vencer o ‘Pichichi’ - prémio que distingue o melhor marcador da Liga Espanhola - e a Bota de Ouro - distinção dada ao melhor marcador de todos os campeonatos europeus.

As previsões para a Bola de Ouro dividiam-se. Esperava-se que o Campeonato da Europa e a Copa América ajudassem ao esclarecimento.

Nos Estados Unidos da América, na centenário da Copa América, Messi e companhia brilhavam. O astro argentino comandou as tropas da Las Pampas até à final. Lá chegados encontraram o Chile, e perderam no desempate por grandes penalidades.

Do lado de cá do Atlântico, Cristiano Ronaldo tinha a oportunidade de dar um passo em frente à conquista da Bola de Ouro e de conseguir o seu primeiro título com a seleção portuguesa. Mas poucos acreditavam.

Fernando Santos, o selecionador nacional, tinha esperanças. “Só vou dia 11 [de julho] para Portugal”, disse.

Em França, de empate em empate, Portugal ia avançando na competição. Cristiano Ronaldo, que ainda assim marcou 3 golos na competição, não "carregou" às costas uma seleção que apostava, essencialmente, na coesão defensiva. No fundo, não foi tão decisivo como se esperava.

No entanto, dia 11 lá estava a seleção das quinas no Stade de France. Era a segunda final de um Europeu que Ronaldo jogava. O capitão tinha ganho direito a sonhar, mas aos 25 minutos Payet roubou-lhe esse direito. O extremo português saiu lesionado. E as suas lágrimas no momento em que percebeu que não podia continuar num dos jogos mais importantes da sua vida correram e emocionaram Portugal e o mundo. 

O jogo continuou e aos 90 minutos o nulo persistia. Prolongamento. No reatamento voltaram duas seleções com muita vontade de vencer, e com muito medo de perder. Mas Ronaldo permanecia um trunfo, só não estava era em campo. No banco, primeiro sentou-se, mas não conseguiu aguentar a inquietação que o roía por dentro por não poder estar em campo. Colocou-se de pé ao lado de Fernando Santos e foi o que se viu: gritou, esperneou, deu ordens e motivou os seus companheiros. Foi um autêntico treinador.

E no final foi essa a imagem que ficou: a de líder. Essa e, claro, a de Ronaldo a erguer a taça.

Entre os dois continentes o resumo da história é simples: A Argentina perdeu e Messi renunciou à seleção - algo que acabou por desdizer, semanas mais tarde -, e Cristiano Ronaldo conquistou o seu primeiro troféu por Portugal. Ninguém queria saber mais do que isto.

Chegava ao início de julho e Ronaldo apertava as chuteiras com dois títulos internacionais.

O nó dado à volta dos atacadores foram feitos com os recordes trazidos de França. No Europeu CR7 igualou a marca de Michel Platini como maior artilheiro da história do torneio, com 9 golos, e tornou-se o primeiro jogador a conseguir marcar em quatro fases finais da competição continental.

Além disso, também se tornou o jogador com mais partidas disputadas em fases finais de Europeus - 21 jogos -, deixando para trás o francês Liliam Thuram e o holandês Edwin van der Sar - cada um com 16 encontros disputados -, que partilhavam o recorde até então.

O prémio de Melhor Jogador na Europa entregue pela UEFA ao jogador merengue era presságio para o que aí vinha: a 4ª Bola de Ouro de Cristiano Ronaldo.

O início de época não foi arrebatador, ao nível do que o nosso capitão nos tinha habituado. A lesão ainda o atormentava. Demorou até entrar no ritmo competitivo certo, mas conseguiu.

Chegou ao dia de anúncio do prémio da France Football - a Bola de Ouro deste ano marca o fim da parceria entre a publicação francesa e a FIFA -, com 12 golos e 6 assistências em 17 jogos.

E ainda antes de acabar o ano pode conquistar outro título internacional: o Campeonato do Mundo de Clubes que tem início no próximo dia 15 de dezembro.

Agora é o segundo jogador de sempre com 4 prémios de melhor jogador do mundo. A um de distância de Messi.

Averso a títulos nacionais, o ano de 2016 foi de consagração internacional para o craque formado no Sporting. É o português mais titulado de sempre. Não é o filho perfeito para Blatter, mas volta a sublinhar a sua presença na história do futebol

Para ele sempre foi o melhor, agora volta a ser o melhor para todos.

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