Natural de Salvaterra de Magos e sociólogo de profissão, João Paulo Félix terá 47 anos quando arrancar em Chaves e explicou, em entrevista à agência Lusa, que a vontade de se desafiar em provas de elevada dificuldade se deve ao “gosto pelas aventuras”, razão pela qual completou, em 2016, de bicicleta, o mesmo trajeto que se propõe fazer a correr, em várias etapas.
“É descobrir um país, é muito mais do que uma viagem. Um país quase em estado natural, com a beleza das paisagens, das pessoas nas aldeias e vilas”, considerou o atleta, que terá este ano uma preparação “mais difícil” em relação ao ano passado.
O “cansaço acumulado”, a falta de tempo para recuperar o corpo e o calor de agosto são as principais barreiras físicas para a prova, em que espera fazer “em média 52 quilómetros por dia”.
“Estas corridas grandes são feitas com alma, o corpo durante a maior parte da prova está lá pouco. É a persistência e resiliência que fazem a diferença, porque o corpo vai falido”, comentou.
Para completar estas ‘ultramaratonas’ diárias, prepara-se de forma “contínua” e participando em várias provas mais curtas.
Ao atravessar “um país com uma diversidade enorme”, Félix vai passar por 14 distritos e pernoitar em quartéis de bombeiros, embora procure ter “uma parte do plano que não seja estruturado” para lá do que é o conhecimento de alguns dos pontos por onde vai passar.
Parte pelas 06:30 de dia 01 do marco 0, em Chaves, e terá a companhia de “algumas pessoas que vão correr durante parte da etapa”, algo que acontecerá, de resto, em vários pontos ao longo das duas semanas do seu desafio.
“Dão-me alguma companhia, e também não queria que fosse só uma coisa minha, isto é especial e queria partilhar com as pessoas, e depois acaba também por ser uma enorme promoção do nosso país”, destacou.
Quanto aos dias mais complicados, João Paulo Félix apontou a tirada mais longa, entre Lamego e Viseu (cerca de 102 quilómetros), mas também “o Alentejo ou a subida à Sertã”, afiançou o corredor, que representa o Turres Trail Clube, de Torres Vedras.
Na chegada ao marco 738, em Faro, João Paulo não tem dúvidas de que vai “começar a chorar”, muito pela “ideia de superação” de mais uma ‘corrida-aventura’, como apelidou o tipo de provas em que embarca.
A corrida, contou, faz parte da “filosofia da vida”, uma vez que já começou a fazer caminhadas de longa duração e várias provas de corrida há vários anos, embora considere que este tipo de provas em autonomia “não tem muitos praticantes em Portugal”.
Tem o objetivo de promover o país e a prática de exercício com a prova, que será monitorizada através de um sítio na Internet para a acompanhar em tempo real, e compara a “enorme honra” de percorrer a N2 com as estradas 66, nos Estados Unidos, ou 40, na Argentina.
Comentários