O filme “Moneyball” é elucidativo do fosso entre clubes ricos e clubes pobres. Embora não seja sobre o mundo do futebol pode transplantar-se para o que se passa fora das 4 linhas e que tem influência no tapete verde. Fala de métricas e do uso da estatística de dados ao serviço do desporto, no caso concreto, ao serviço de uma equipa de basebol.

Ora é exatamente pelo recurso à tecnologia que o Sport Lisboa e Benfica traçou um caminho que, segundo Domingos Soares de Oliveira, permitirá ao clube português tentar combater com os grandes e ricos clubes da Europa, um número cada vez mais reduzido.

Em desenvolvimento “desde 2005” foi estabelecida “uma parceria com a Microsoft” que permite monitorizar os atletas. “Recolhemos a máxima informação (através, por exemplo, de uma pulseira), em que controlamos a alimentação e o sono dos atletas”, exemplificou Soares de Oliveira.

“Temos a visão que todos os rendimentos podem ser melhorados e se um recorde mundial pode ser batido com a ajuda de tecnologia, utilizamos essa mesma informação para melhorar o seu rendimento”, sustentou o administrador financeiro da SAD das águias que falou em duas ocasiões no segundo dia da Web Summit, em Lisboa: no painel “Legacy vs money: How can clubs compete?", que contou ainda com a presença em palco de David Griffin (NBA) e “Building the best sports science club in the word”, ao lado dos guarda-redes Júlio César e Mile Svilar.

Os dados, não são, no entanto, isoladamente e por si só, garantia de sucesso. O talento é a base de tudo reforçou Domingos Soares de Oliveira, administrador da Benfica SAD que deixou claro que o clube encarnado tem “scouting por todo o mundo”.

O talento “paga-se” e a estratégia é retê-lo “o maior tempo possível”, frisou, recordando que os encarnados foram a duas “finais da Youth League”. Apesar da vontade expressa reconhece que “podemos ter muita conversa com os jogadores, mas final do dia manda o dinheiro (salários)”.

A propósito do desnível das massas salariais, comentando a contratação de Neymar Jr pelo PSG, Soares de Oliveira admite que se foi “onde ninguém tinha ido. É um desafio até para os grandes clubes”. Sobre o futuro, atira: “Não vai parar”. Por isso temos que estar preparados para estas transferências”.

Soares de Oliveira sublinhou ainda que “competir com o Manchester City é competir contra um Estado”. Alertou ainda que o “gap será maior se não se encontrar solução entre clubes e competições da UEFA...”. Deixando nota que o próprio presidente da UEFA (o esloveno Aleksander Čeferin) veio de um país pequeno deixa um aviso: “a competição (Liga dos Campeões) não se faz só com 6 equipas”.

Deixando o mercado interno de fora desta competição reconhece que no mundo global se torna mais “difícil competir”.  E nesse campo, reconhece que as “receitas geradas” não são comparáveis pelo que os clubes (em Portugal) vêm-se obrigados a “arranjar fontes alternativas”, sustenta.

Por isso, o Benfica aposta no crescimento da marca. “Estabelecemos cooperação com a China, com a Índia, com os Estados Unidos ou mesmo Inglaterra”, anunciou. “Há que expandir a marca, ganhar receitas, obter lucros, mas se falha no campo os stakeholders não ficam contentes e eles esperam também aqui resultados”, avisou.