Depois da derrota diante dos Países Baixos (3-2), a tarefa de manter viva a participação portuguesa neste Campeonato da Europa era extremamente difícil. Hoje, Portugal precisava de vencer a Suécia, segunda classificada no ranking da FIFA, apenas atrás dos Estados Unidos da América, e atuais campeãs olímpicas.
“Tal como disse o amigo Jorge Braz [selecionador português de futsal], é uma montanha muito grande para ser escalada, mas nós temos essa ambição e essa coragem de procurar escalar essa montanha”, disse o selecionador nacional na conferência de imprensa de antevisão a este encontro.
A obrigação de fazer história, alcançando os quartos-de-final da prova, por um caminho de possibilidades muito estreito ficou expresso nas escolhas de Francisco Neto para o onze inicial com Ana Borges a assumir o lugar de Joana Marchão no lado esquerdo da defesa, permitindo assim a titularidade de Kika Nazareth. Na baliza, Patrícia Morais substituiu Inês Pereira, guardiã titular nos dois primeiros encontros.
Ao contrário dos outros jogos, em que Portugal rapidamente se encontrou em desvantagem, diante da formação sueca os primeiros minutos foram a melhor fase da equipa portuguesa: organizada, consciente e até perigosa.
Cedo, aos quatro minutos Patrícia Morais com uma saída determinante aos pés de Asllani mostrava que o ataque da Suécia não teria ali uma via aberta para o golo. Aos 18 minutos, na sequência de um canto, a central Carole Costa teve nos pés a primeira real oportunidade de abrir o marcador da partida com um remate rasteiro cruzado a não passar longe do segundo poste.
O sonho de uma vitória sobre a Suécia sobrevivia, também alimentado pelo resultado favorável do placard do jogo entre Suíça e Países Baixos. No entanto, tinha o tempo contado. Aos 22 minutos, na sequência de um canto, a favor da Suécia, batido da direita, Patrícia Morais conseguiu afastar a primeira bola com um soco, mas o esférico acabou por cair nos pés de Angeldahl que inaugurou o marcador da partida.
Oito minutos depois, uma falta duríssima de J. Rytting Kaneryd sobre Catarina Amado obrigou à saída de maca da jogador do SL Benfica e à entrada de Joana Marchão.
O momento, que se traduziu numa bela imagem de fair play, com a jogadora a ser aplaudida na saída por todo o estádio, foi o culminar de dois grandes desaires em menos de 10 minutos que mexeram com a equipa portuguesa que nunca mais foi a mesma.
A Suécia cresceu no jogo perante a intranquilidade das pupilas de Francisco Neto. Aos 42 minutos, um grande passe de Asllani à procura de Blackstenius terminou em golo, mas o tento seria anulado por fora de jogo. Três minutos depois, voltou o pesadelo das bolas paradas: livre em forma de canto curto, Asllani coloca a bola à entrada da área e remate certeiro - outra vez - de Angeldahl.
A árbitra deu sete minutos de compensação, para acomodar, acima de tudo, toda a paragem relacionada com a lesão de Catarina Amado. Foi precisamente antes das equipas irem para o balneário que, em mais uma bola parada, novamente num canto, que o esférico desviado por Eriksson toca em Carole Costa e entra na baliza portuguesa.
Na segunda parte, Portugal não foi capaz de dar a resposta que já tinha dado diante da Suíça e Países Baixos. E em grande medida porque o jogo recomeçou praticamente como acabou, com um golo da Suécia. Diana Silva tocou a bola com a mão na grande área, grande penalidade e golo de Asllani.
Aos 60 minutos as suecas viriam a marcar mais um golo, na sequência de uma bola parada, fruto de um cabeceamento de Blackstenius, mas a jogada seria anulada por fora de jogo.
Até ao apito final da partida, a Suécia abrandou o ritmo, mas Portugal não se conseguiu impor. Nota para o remate cruzado de Andreia Norton, dentro da grande área, a passar perto do segundo poste. Perante a passividade da equipa nacional, as suecas ainda chegaram ao quinto golo por Blackstenius, o primeiro em bola corrida na partida.
Com os Países Baixos a venceram a Suíça por 4-1, o grupo C termina de acordo com a teoria e sem surpresas, com as duas seleções mais fortes, as suecas e neerlandesas a passarem em primeiro e segundo lugar respeitvamente.
De Portugal fica a imagem de luta e entrega nos dois primeiros jogos, sobretudo diante dos Países Baixos, a seleção campeã em título, e a margem para crescer e poder rivalizar com as maiores equipas da Europa. É um caminho que já foi mais montanhoso do que é hoje.
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