Apesar da vitória na Luz há duas semanas, o Benfica partiu para França ainda numa posição difícil. Os três pontos somados nos primeiros três jogos não davam aos encarnados mais do que o último lugar do grupo G da edição deste ano da Liga dos Campeões, pelo que era preciso vencer novamente o Lyon para ainda acalentar alguma esperança na qualificação para a próxima fase da competição.
Numa terça-feira europeia recheada de golos (4-4 entre Chelsea e Ajax, 3-2 no Borussia Dortmund-Inter, 4-1 na receção do Valência ao Lille, entre outros), o jogo de Lyon não ficou atrás. Contudo, e infelizmente para a equipa portuguesa, foram os comandados de Rudi Garcia que levaram a melhor (terceira vitória seguida da equipa) numa vitória assente numa primeira parte em que foram eficazes e aproveitaram o desacerto benfiquista na hora de rematar à baliza.
Bruno Lage procedeu à sua habitual rotação nos jogos europeus e mexeu no onze que tinha batido o Rio Ave, trocando André Almeida e Pizzi por Tomás Tavares e Gedson. Contudo, ainda não tinham passado quatro minutos de jogo quando, numa jogada estudada na sequência de um canto, Andersen correspondeu da melhor a um cruzamento de Dubois para abrir o marcador. A bola colocada pelo lateral francês bem no meio da área encarnada apanhou os centrais do Benfica desprevenidos, cabendo ao central dinamarquês – chegado a França no início da época proveniente da Sampdoria – abrir o marcador.
O campeão português sentiu o toque e as preocupações aumentaram quando, poucos minutos depois, Vlachodimos chocou com Ferro na sequência de um cruzamento e o central das águias teve de ser substituído por Jardel, saindo inclusivamente de maca e colar cervical.
Pouco depois, chegava o segundo golo do Lyon, numa jogada em que Aouar correu praticamente meio-campo (pelo meio deixou Tomás Tavares para trás) e ofereceu o tento a Depay. O holandês, bem no coração da área, não desperdiçou e elevou para 2-0 a contagem, resultado que não mudaria até o árbitro apitar para o intervalo.
A segunda metade reatou com a entrada de Seferovic para o lugar de Gedson e seria dos pés do suíço que surgiria o golo que ainda deu esperança ao Benfica.
Estávamos a 15 minutos do fim quando Pizzi (que entrou no decorrer da segunda parte) fez um passe teleguiado da linha de meio-campo para os pés do avançado e este rematou cruzado, de pé esquerdo, sem hipóteses para Anthony Lopes. O golo (que só foi validado com o VAR, visto ter sido anulado numa primeira instância pelo árbitro auxiliar) animou um pouco as hostes encarnadas mas foi sol de pouca dura.
Bertrand Traoré, extremo do Burquina Faso que já passou pelo Chelsea e que nos últimos anos tem sido uma das figuras do Lyon, trabalhou sobre Jardel dentro da área e, descaído para a direita, rematou em arco com o pé esquerdo para fixar o resultado em 3-1.
Apesar de ter rematado mais que o conjunto francês, os encarnados acabam por sair de terras gaulesas com uma derrota que os deixa numa posição muito difícil para prosseguir na competição (a seis pontos do RB Leipzig e a quatro do Lyon quando faltam apenas dois jogos na fase de grupos). Na próxima jornada o Benfica desloca-se a Leipzig para defrontar o líder do grupo, em mais um teste de fogo para os comandados de Bruno Lage que, aí sim, jogarão entre a espada e a parede, sob pena de ficarem matematicamente arredados da edição deste ano da Liga dos Campeões.
Bitaites e postas de pescada
O que é que é isso, ó meu?
Vinicius tem sido um dos destaques do Benfica nos últimos jogos. O avançado brasileiro, chegado à Luz vindo do Nápoles (clube pelo qual nunca jogou) por 17 milhões de euros e soma seis golos em 11 jogos de águia ao peito, marcando a cada 62 minutos. Mas quando a meio da segunda parte foi servido por Chiquinho e se viu numa autoestrada para a baliza de Anthony Lopes, com apenas um defensor pela frente e Seferovic a desmarcar-se logo “ali”, o jogador que passou por Rio Ave e Mónaco antes de ingressar nos encarnados fez tudo mal: nem conseguiu isolar-se e criar perigo para a baliza dos franceses, nem conseguiu servir Seferovic que estava isolado mesmo ali ao lado, acabando por receber mal e perder-se em dribles até perder a bola (e perder também, já agora, uma boa oportunidade de golo para o Benfica).
Aouar, a vantagem de ter duas pernas
Já no jogo de há 15 dias tinha provado ser mais um dos jovens talentos da cantera do Lyon, que deu ao mundo talentos como Benzema, Lacazette, Martial ou Umtiti. Houssem Aouar foi uma verdadeira dor de cabeça para a defesa benfiquista, principalmente na primeira parte (na segunda metade esteve mais apagado, é certo), colocando a cabeça em água ao jovem Tomás Tavares e a todo o setor recuado do Benfica. É possível que, dentro de pouco tempo, siga as pisadas dos nomes acima referidos, tal como o António Moura dos Santos já tinha “previsto” na crónica do jogo na Luz.
Fica na retina o cheiro de bom futebol
O passe de Pizzi para o golo de Seferovic é absolutamente magistral. Gostava de poder acrescentar mais informação, mas é algo para ver e rever: a pisar a linha do meio-campo, o médio português fez um passe com régua e esquadro que isolou o suíço, que depois rematou cruzado para apontar o tento que, na altura, reduziu o marcador para 2-1. A finalização de Seferovic é boa, mas o passe de Pizzi é do outro mundo.
Nem com dois pulmões chegava a essa bola
Os três anos que separam Tomás Tavares (18 anos) de Aouar (21 primaveras) pareciam muitos mais quando o jovem francês arrancou pela esquerda na jogada do segundo golo do Lyon. O lateral encarnado bem que tentou, mas as duas mudanças de velocidade de Aouar pelo seu corredor deixaram-no completamente para trás, numa correria que só terminou no fundo da baliza da Vlachodimos, depois de Aouar servir Depay para o holandês faturar o segundo golo dos franceses.
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