O português Miguel Oliveira (KTM) conquistou hoje pela primeira vez uma vitória no Mundial de MotoGP, ao vencer o Grande Prémio de Estíria, em Spielberg, na Áustria, quinta prova do campeonato.

Oliveira, que tinha como melhor resultado o sexto lugar em Brno, na República Checa, seguia no terceiro lugar e, na última curva, aproveitou a 'luta' entre o australiano Jack Miller (Ducati) e o espanhol Pol Espargaro (KTM) para subir pela primeira vez ao pódio.

O português partiu do sétimo lugar da grelha e conquistou várias posições na segunda partida, para as últimas 12 voltas, depois do acidente do espanhol Maverick Viñales (Yamaha).

"Estou muito emocionado. Há muita coisa que quero dizer, mas não sei se consigo. Só quero agradecer a todos os que acreditaram em mim, e há muitos, a começar pela minha família, a minha equipa, os meus patrocinadores e o público português. Somos mesmo os melhores!", reagiu visivelmente emocionado.

"Fiz história hoje, para mim e para o meu país. Obrigado a todos", disse Miguel Oliveira, depois da corrida.

"Estou muito feliz por ter sido aqui, em casa da Red Bull e da KTM", sublinhou o piloto da Tech3 poucos minutos antes de se ouvir o hino nacional em Estíria.

Miller, que terminou no segundo lugar, felicitou Oliveira, destacando "a importância da vitória do Miguel para Portugal".

A corrida

Miguel Oliveira foi o primeiro a cruzar a meta de uma corrida acidentada e que, tal como há uma semana, teve de ser interrompida por bandeiras vermelhas depois de a Yamaha do espanhol Maverick Viñales se ter incendiado após embater nas barreiras de proteção, no final da reta da meta, quando o piloto espanhol ficou sem travões e se atirou ao chão.

O português cumpriu as 12 voltas em falta em 16.56,025 minutos, deixando o australiano Jack Miller (Ducati) a 316 milésimos de segundo e o espanhol Pol Espargaró (KTM), terceiro, a 540 milésimos.

Após a segunda partida, na qual arrancou do sétimo posto, o piloto natural de Almada rapidamente chegou ao quarto posto à chegada à primeira curva.

Depois de uma breve batalha com o sul-africano Brad Binder (KTM), Oliveira saltou definitivamente para quarto, antes de atacar o terceiro lugar do espanhol Joan Mir (Suzuki), que liderava a primeira corrida com mais de dois segundos de vantagem no momento da paragem.

Miguel Oliveira encetou, então, uma perseguição paciente aos dois da frente, Espargaró e Miller, chegando, mesmo, a fazer a melhor volta da corrida, em 1.23,920 minutos, registo batido por 43 milésimos pelo espanhol da KTM na volta seguinte.

O português, que cumpria na Estíria o 150.º Grande Prémio da carreira, manteve sempre uma atitude expectante, confiante na capacidade já evidenciada por Espargaró de cometer erros em momentos chave das corridas.

E, de facto, a última volta mostrou a inteligência de Oliveira, que chegou à última curva na terceira posição. Nessa altura, Espargaró e Miller já tinham trocado de posições, com o espanhol na frente à chegada à curva decisiva.

Mas o australiano tentou o ataque final, metendo por dentro da curva. No entanto, ao forçar a travagem fora da trajetória ideal, acabou por alargar demasiado, saindo de pista e levando consigo a KTM de Espargaró, sem que nenhum deles tivesse caído.

Estava aberto o caminho para a primeira de um português na categoria rainha do Mundial de motociclismo de velocidade, a 13.ª da carreira de Miguel Oliveira.

Antes do piloto de Almada, apenas Felisberto Teixeira tinha participado numa prova da categoria, na altura para motas de 500cc a dois tempos, no Grande Prémio de Espanha, em 1998.

Miguel Oliveira festejou ao som do hino nacional com um prémio extra, um BMW desportivo oferecido pelo patrocinador da corrida ao vencedor desta corrida.

Com cinco provas já disputadas, o português foi o quarto vencedor diferente (apenas o francês Fabio Quartararo, em Yamaha, repetiu o feito), ascendendo à nona posição do Mundial de pilotos, com 43 pontos, a 27 do líder, Quartararo, mas a apenas seis da quarta posição, ocupada pelo italiano Andrea Dovizioso (Ducati).

Miguel Oliveira foi o 112.º vencedor diferente na classe rainha desde o início do campeonato do mundo, em 1949.

A próxima etapa do Mundial de MotoGP, que vai terminar em Portimão, em 22 de novembro, está marcada para 13 de setembro, em Misano, em Itália.