Jurgen Klopp, treinador do Liverpool, foi todo ele elogios na antevisão da final do Mundial de Clubes que opôs os Reds ao Flamengo de Jorge Jesus.“Fez um trabalho inacreditável. Se houvesse uma eleição agora ele seria eleito presidente do Brasil, sem dúvida”, disse o alemão na conferência de imprensa de ontem, como que a "passar a mão pelo pêlo" do português, que podia hoje tornar-se no primeiro treinador português a vencer esta competição.

E a verdade é que os primeiros cinco minutos de jogo foram tudo menos de cortesia. O campeão europeu entrou determinado e logo aos 40 segundos um passe pelo ar isolou Firmino na cara de Diego Alves, mas o avançado brasileiro atirou por cima a barra. Depois, aos quatro minutos nova bola pelo ar e nas costas da defesa do Mengão que isolou Salah, com egípcio a recolher e a entregar para Keita que, na passada, atira por cima. Não contentes com duas ocasiões em quatro minutos, os ingleses ainda estiveram uma vez mais perto do golo um minuto depois. Trent Alexander-Arnold rematou de longe a rasar o poste.

A meio da primeira parte, contudo, o Flamengo deu o primeiro sinal de perigo, com o Bruno Henrique a aparecer solto na esquerda e a rematar ao lado da baliza de Allisson, numa bola que ainda desviou num defensor inglês. Os cariocas foram equilibrando ao pouco a partida, talvez embalados pela possibilidade de imitar a história de há 38 anos, quando o Flamengo de Zico bateu o Liverpool de Kenny Dalglish na final da então Taça Intercontinental. Jogando de branco (tal como em 1981), os comandados de Jorge Jesus iam impressionando pela forma como conseguiram equilibrar a partida com o líder da Premier League. No Twitter, James Pearce, jornalista inglês que cobriu o Liverpool durante muitos anos, elogiava o Flamengo e a forma como "cresceu no jogo", entusiasmando os seus adeptos.

Bruno Henrique que, de resto, impressionou adeptos dos Reds, sendo que alguns deles "exigiram" a sua contratação no Twitter. Contudo, nem Bruno Henrique trocou de clube (até ver...), nem o jogo viria a sofrer alterações no marcador, indo as equipas para o balneário com tudo a zeros.

A segunda parte começou como a primeira: com Firmino a aparecer na cara de Diego Alves, a rematar mas a não conseguir marcar. Desta vez, contudo, o remate não foi por cima, mas sim ao poste da baliza do Mengão. Minutos depois foi Salah, a corresponder a um cruzamento da direita com um remate ao lado. Soa familiar?

O Liverpool carregava e, nesta altura, talvez grande parte dos adeptos rubro-negros pensassem que era coisa para durar apenas cinco minutos, tal como na primeira parte. E Gabigol viria a dar-lhes razão, uma vez que foram do Flamengo as duas oportunidades de golo seguintes. Dois remates do avançado brasileiro que já passou pelo Benfica colocaram em apuros a baliza inglesa, sendo que o primeiro saiu por cima e o segundo obrigou Alisson a aplicar-se e a desviar para canto. E a meio da primeira parte voltou a haver novo duelo entre Gabigol e Alisson, com um remate acrobático do avançado a ser parado pelo guardião do Liverpool.

O jogo aproximava-se do final, as equipas mexeram (Lallana substitui o lesionado Oxlade-Chamberlain, ao passo que Vitinho e Diego entraram para os lugares de De Arrascaeta e Éverton Ribeiro) e depois Diego Alves brilhou, com uma defesa decisiva a cinco minutos dos 90 que desviou para canto um remate em jeito de Jordan Henderson que prometia selar o destino do jogo a favor dos Reds.

Em cima dos 90 minutos, momento dramático: Mané aparece isolado na cara de Diego Alves, Rafinha tenta cortar o lance e o árbitro marca penálti. Depois o VAR entrou em ação e, durante largos minutos, a nação rubro-negra e os adeptos dos Reds sofreram em silêncio, numa nova espécie de tensão e nervosismo que invadiu os estádios desde que a tecnologia entrou de forma definitiva no futebol. Revisão feita, penálti "anulado" e Jesus a respirar de alívio, talvez lembrando-se das derrotas sofridas em finais ou jogos importantes em cima dos 90 minutos (quem não se lembra dos jogos do Benfica frente a FC Porto e Chelsea perdidos no final das partidas, impedindo o treinador português de vencer o Campeonato e a Liga Europa, respetivamente?). Contudo, não foi isso que aconteceu, e jogo seguiu para prolongamento.

No prolongamento a partida parecia equilibrada e sem grandes lances de perigo até que, aos 98 minutos, Jordan Henderson lançou um contra-ataque supersónico através de um passe que isolou Mané, este assistiu Firmino, e o brasileiro desta vez não vacilou na cara de Diego Alves. O Liverpool colocava-se na frente e podia ter aumentado a vantagem no minuto seguinte se guardião do Flamengo não tivesse feito uma grande defesa a remate de Salah.

Na resposta ao golo inglês, Jesus lançou Lincoln, depositando no "miúdo" de 18 anos as últimas esperanças flamenguistas de assalto à baliza dos Reds. E o "miúdo" desperdiçou talvez a melhor ocasião do Flamengo no prolongamento, ao rematar por cima dentro da área dos ingleses, na sequência de um cruzamento de Vitinho.

Até final, o Flamengo procurou carregar mas os Reds (melhor defesa da Premier League com 14 golos sofridos, ex-aequo com o Leicester) conseguir suster a pressão dos rubro-negros, que faziam o último jogo de uma época em que participaram nuns incríveis 74 (!) jogos. O Liverpool venceu mesmo a partida e levou para casa o seu primeiro título do Mundial de Clubes. Quanto a Jorge Jesus e ao seu futuro (que passará pelo Brasil ou por um dos cinco clubes europeus que cabem na sua mão), os próximos dias deverão trazer novidades.

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