O antigo banqueiro José Maria Ricciardi assumiu hoje a sua candidatura às eleições do Sporting, garantindo que tem uma equipa “coesa, forte e transversal” — que apresentará em breve — e que está nesta corrida “para ganhar”.

“Reuni uma equipa coesa, forte e transversal”, disse Ricciardi em entrevista à CMTV assumindo: “Decidi dar este passo para vencer. Não venho para fazer número”.

Ricciardi, que disse estar aberto a possíveis alianças, considera que nenhum dos outros candidatos, apesar dos seus méritos, reúne condições para ser presidente do Sporting, destacando o seu conhecimento na área empresarial, em específico na banca.

“Estive a observar e analisar o processo eleitoral no clube e cheguei à conclusão, com todo o respeito pelos candidatos, que nenhuma das candidaturas reúne as condições necessárias e suficientes para liderar o Sporting nesta fase difícil”, afirmou.

Além de José Maria Ricciardi , anunciaram candidaturas ao ato eleitoral, marcado para 8 de setembro, Bruno de Carvalho, Pedro Madeira Rodrigues, Carlos Vieira, Frederico Varandas, Fernando Tavares Pereira, Dias Ferreira, Zeferino Boal e João Benedito.

Questionado sobre se estão demasiadas pessoas na corrida, Ricciardi disse que tal é um sinal da vitalidade do clube, destacando que qualquer cidadão está no direito de se candidatar. Todavia, considera que Bruno de Carvalho e Carlos Vieira não são candidatos legítimos, uma vez que foram destituídos pelos sócios em Assembleia Geral.

Confrontado com o seu apoio a Bruno de Carvalho no passado, o agora candidato assume que esteve ao lado do ex-presidente enquanto considerou que este estava a fazer um bom trabalho, afastando-se quando viu que tal já não estava a ter lugar. “Ele não me enganou a mim. Enganou-se a si e ao Sporting”, disse.

Deixando uma palavra de apreço sobre o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Comissão de Gestão e por Sousa Cintra, Ricciardi elogiou Peseiro, técnico que veio substituir Jorge Jesus no comando da equipa principal de futebol. “Para mim, agora o melhor treinador do mundo chama-se José Peseiro”, disse. Questionado sobre a possibilidade de Sousa Cintra vir a integrar a sua equipa, não descartou a hipótese, aproveitando mais uma vez para elogiar o seu papel neste momento sensível do clube.

José Maria Ricciardi adiantou que defende um modelo de gestão em que a maioria da SAD se mantém no clube: “Se eu for eleito Presidente do Sporting nunca permitirei que a maioria da SAD deixe de pertencer ao Sporting e aos seus sócios”, assegurou.Já sobre as notícias recentes relativas à delicada situação financeira do Sporting, Ricciardi afirmou que está inteirado da mesma: o clube tem uma folha salarial e de tesouraria muito elevada, que requer capacidade de gestão e experiência, defendeu. Ainda nesta matéria, o empresário descarta para já uma injeção de capital no clube, mas caso esta venha a ter lugar, diz, a maioria da SAD irá manter-se no Sporting.Apesar de reconhecer a importância das modalidades e do ecletismo dos leões, Ricciardi assume que o seu foco está no futebol e traça como objetivo regressar aos títulos que têm escapado nos últimos anos ao clube. O objetivo? Um Sporting campeão nacional e disputar a Liga dos Campeões, diz.

O candidato deixou ainda a nota de que a sua intenção é pacificar o Sporting e restabelecer a paz com todos os clubes com que o Bruno de Carvalho cortou relações ao longo do seu mandato, incluindo o Benfica. Ricciardi diz que quer acabar com o clima de guerra no futebol português e centrar a atenção no que acontece dentro das quatro linhas, sem todavia deixar de defender o interesse máximo dos leões.

É o expoente máximo dos croquetes? Questionou a jornalista da CMTV, numa referência às acusações proferidas por Bruno de Carvalho. Ricciardi respondeu lembrando que o Sporting é um clube de todas as classes sociais e que não há elites.

Já sobre o ataque a Alcochete a jogadores e equipa técnica, que teve lugar em maio e agravou a crise do clube, Ricciardi assumiu que Bruno de Carvalho pode ter tido um papel instigador, recusando todavia qualquer envolvimento direto deste no caso.

A marcação de eleições no Sporting teve lugar na sequência da destituição de Bruno de Carvalho, que ocorreu após o ataque à Academia em Alcochete — cerca de 40 pessoas entraram no local e agrediram jogadores e equipa técnica —, e de o Sporting ter falhado o segundo lugar do campeonato, que dava acesso à Liga dos Campeões, e a conquista da Taça de Portugal.

Com a época terminada, nove jogadores, entre os quais vários habituais titulares, rescindiram alegando justa causa, e o clube “mergulhou” na maior crise diretiva da sua história que tem tido como principais protagonistas Bruno de Carvalho e o presidente da Mesa da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares.

Dos nove futebolistas que rescindiram contrato, alegando com justa causa, Rodrigo Battaglia foi o terceiro a regressar aos 'leões', depois do holandês Bas Dost e do português Bruno Fernandes. Quatro desses jogadores já assinaram por outros clubes - Gelson (Atlético de Madrid), Rui Patrício (Wolverhampton), Podence (Olympiacos) e William Carvalho (Betis) -, com as situações de Rafael Leão e Ruben Ribeiro a estarem ainda por resolver.

Também o então técnico do clube, Jorge Jesus decidiu sair e rumar ao Al-Hilal, tendo sido substituído por José Peseiro.

Sobre a possibilidade de o Sporting ser indemnizado pelas saídas de Rui Patrício e Gelson Martins, José Maria Ricciardi disse acreditar que o bom senso prevalecerá e que os clubes em causa irão chegar a acordo com o Sporting nesta matéria.

E se perder? que seja democraticamente, com com civismo, educação e elevação, respondeu, garantindo que respeitará humildemente a decisão dos sócios.


Notícia atualizada às 21h48