Na conferência de antevisão ao encontro com o Norwich, último classificado da Premier League, José Mourinho lamentou que a equipa não esteja a conseguir alcançar os resultados pretendidos. No entanto, assumiu-se otimista para o jogo da 24ª jornada do campeonato inglês. “Acredito que melhores dias virão”, confessou.

E se há equipa que precisava de melhores dias era o Tottenham. A equipa londrina não vencia um jogo desde o embate frente ao Brighton (2-1) a 26 de dezembro e não marcava um golo na Premier League desde o último jogo frente ao Norwich, a 28 de dezembro. Mais: nos últimos quatro jogos, a equipa orientada por José Mourinho empatou dois e perdeu outros dois.

A ausência de Harry Kane é o problema mais evidente, claro. Sem mais nenhum ponta de lança no plantel, Mourinho fez a responsabilidade da frente de ataque cair sob os ombros de Lucas Moura e Son, mas equipa nunca se conseguiu articular num ataque móvel bem organizado e efetivamente perigoso com Dele Alli a aparecer como o mais inconformado no meio de uma linha ofensiva pouco eficaz.

Os Spurs perderam o faro para o golo numa altura em que as ideias do treinador português parecem estar a demorar a assentar. Com um meio-campo muitas vezes aos papéis e uma defesa pouco fiável, os londrinos partiam para o jogo diante do último classificado com a necessidade de se afirmarem.

Spoiler alert: não o conseguiram.

Num encontro que marcou o regresso de Hugo Lloris, afastado da competição durante três meses por lesão, o Tottenham não conseguiu ser melhor do que tem sido. Perante uma equipa em que era Pukki, o jogador finlandês mais conhecido da atualidade, mais dez, os londrinos foram superiores, mas sem nunca conseguirem transmitir a sensação de que a vitória poderia acontecer a qualquer momento para a equipa da casa.

Perante um Norwich de fraca qualidade, mas que com alguma crença foi equilibrando as estatísticas do jogo, Dele Alli fez de ponta de lança e inaugurou o marcador aos 38 minutos, a passe de Aurier. Pukki, de grande penalidade, empatou aos 70’. Son salvou os três pontos, de cabeça, nove minutos depois.

Curiosamente, o último golo, em bola corrida (Brighton, 26 dez), dos Spurs na liga inglesa, também tinha a assinatura do internacional inglês. De um a outro há uma distância temporal de seis horas e 55 minutos de. Ao mesmo tempo, o golo da vitória foi da autoria de um jogador que tem a 'mania' de fazer as redes abanar contra os recém promovidos. Falo de Son que nos últimos 10 jogos frente a equipas que subiram de divisão soma seis golos e cinco assistências. Mas se nos perdemos em referências, não podemos deixar de falar do avançado finlandês que com o golo desta noite passa a somar golos a todas as equipas que fizeram o top 5 da Premier League na época transata.

Se é verdade que os londrinos voltaram às vitórias, colocando fim a uma sequência negativa, também é verdade que foi uma vitória demasiado sofrida para um jogo em casa diante de uma equipa com fracos argumentos.

Ao fim de 16 jogos no comando técnico do Tottenham, Mourinho soma oito vitórias, três empates e cinco derrotas. Marcou 28 golos e 22 jogos. Numa altura em que as boas exibições e os resultados esclarecedores tardam em aparecer, os melhores dias dos Spurs parecem ter sido os primeiros, os da chamada chicotada psicológica.