Marcelo Rebelo de Sousa recebeu a seleção feminina de futebol, que trouxe “um raio de sol” ao Palácio de Belém, num “dia triste, por outras razões”, como caracterizou o chefe de Estado, em referência ao facto de se assinalar hoje um ano do início da guerra da Rússia contra a Ucrânia.
“É uma honra para Portugal este passo, que é um passo inédito, histórico, não o é apenas no futebol feminino, é no papel da mulher na sociedade portuguesa. Esse é o ponto fundamental”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, destacando o feito “prestigiantíssimo para Portugal”.
A seleção lusa qualificou-se na quarta-feira para o Mundial2023, ao vencer os Camarões, por 2-1, na final do Grupo A do Play-off Intercontinental, disputada em Hamilton, na Nova Zelândia, um dos países anfitriões da fase final, em conjunto com a Austrália, entre 20 de julho e 20 de agosto.
“Isto é uma grande vitória dos portugueses, mas, sobretudo, das portuguesas. Elas já são a maioria do povo português. Hoje, revêm-se em vocês”, observou o Presidente da República, lembrando o “tempo em que a mulher não podia ser diplomata, polícia, militar ou juiz”.
O chefe de Estado recordou que “falar em futebol feminino naquela altura era falar em ficção” e que, se a modalidade atravessa uma fase de grande fulgor, deve-o às antigas e atuais praticantes, que “fizeram um caminho difícil” e, agora, vivem “o coroar desse caminho”.
“A sociedade mudou e está a mudar, e um dos aspetos fundamentais é mudar através do papel da mulher. Ainda não mudou tudo? Não. Se tivesse mudado tudo, quem estava aqui a falar agora era uma mulher. E havemos de chegar lá: ter uma Presidente da República mulher”, vaticinou.
Marcelo Rebelo de Sousa até já começou a “ver o calendário” do Mundial2023, no qual Portugal se juntou no Grupo E aos Países Baixos, vice-campeões em exercício (que defrontam em 23 de julho de 2023), Vietname (27 de julho) e Estados Unidos, detentores do troféu e recordistas de títulos, com quatro cetros (01 de agosto).
“Obriga a reprogramar a vida de milhões de portugueses, que vão ter de passar as noites a ver futebol [devido à diferença horária]. E lá estaremos. Muito provavelmente no primeiro jogo, contra a Holanda, e depois, como vão avançando (…), culminar, já em agosto, no momento fundamental da final”, afirmou.
Numa cerimónia informal, que contou com a presença da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, destacou o “feito fantástico” da seleção feminina, “que ficará na memória coletiva do futebol português”.
Tal como o Presidente da República, Fernando Gomes enfatizou as dificuldades que as primeiras jogadoras lusas presentes num Campeonato do Mundo “tiveram de ultrapassar para se dedicarem à modalidade que tanto gostam”, lembrando o tempo em que “o futebol não era para meninas”.
Dolores Silva é uma dessas atletas e o feito histórico que as atuais jogadoras da equipa das ‘quinas’ protagonizaram representa também “as gerações de todas as colegas” que passaram pela seleção nacional e “ultrapassaram muitas barreiras e dificuldades para que, hoje, este momento fosse realizado”.
A capitã da ‘equipa das quinas’ assinalou o “abrir das portas para as futuras gerações” de futebolistas que constitui o apuramento para o mais importante torneio mundial, no qual o selecionador português, Francisco Neto, se comprometeu, por videoconferência, a “fazer tudo” para voltar a “representar bem” Portugal.
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