Quando chegou ao Benfica com 19 anos (em julho de 2013), Lazar Markovic já era um dos melhores jogadores da Sérvia. Vindo do Partizan de Belgrado, clube por onde passaram outros talentos sérvios como Predrag Mijatovic (um dos melhores avançados da sua geração, que envergou as cores de clubes como o Valência, o Real Madrid e a Fiorentina), Mateja Kezman (ponta de lança que chegou a representar pelo Chelsea treinado por Mourinho e que marcou mais de 250 golos ao longo da carreira) ou Savo Milosevic (também avançado, que passou grande parte da sua carreira em Espanha ao serviço de Zaragoza, Espanyol, Celta de Vigo e Osasuna), Markovic aterrou em Portugal rotulado de craque, chegando até a ser comparado a Pablo Aimar e a Eusébio nos seus primeiros tempos de águia ao peito.
E a verdade é que a época de estreia de Markovic fora do futebol sérvio correu bastante bem. Com 7 golos em 49 jogos, o avançado conquistou Jorge Jesus e os adeptos do Benfica, que nessa época perderam precisamente um dos seus principais ídolos dos últimos anos, Pablo Aimar. Jogador de drible curto e arranque demolidor – como aquele em Alvalade, que valeu um empate frente ao Sporting –, Markovic chegou até a ser considerado o melhor jogador do campeonato português nos meses de janeiro e fevereiro de 2014 e a estar nomeado para o Prémio Golden Boy, que premeia os melhores jogadores com menos de 21 anos, em 2013 e 2014.
Num ano em que o Benfica foi campeão nacional, venceu a Taça da Liga e a Taça de Portugal, e chegou à final da Liga Europa pelo segundo ano consecutivo (final em que Markovic foi um dos grandes ausentes), não foi de estranhar o interesse de alguns dos maiores clubes da Europa no jogador sérvio. De facto, não demorou muito a que as declarações de interesse passassem a propostas concretas, e após apenas uma época em Portugal, Markovic era transferido para o Liverpool por um valor global de 25 milhões de euros. Com apenas 20 anos, o sérvio chegava a uma das maiores ligas do mundo, a um dos clubes com maior tradição em Inglaterra e pronto para continuar a mostrar a tudo e todos porque era considerado um dos melhores talentos que a Sérvia produziu nos últimos anos.
De Golden Boy a dispensável
Chegado a Liverpool, Markovic não teve propriamente vida fácil. Num plantel recheado de talento – nomes como Balotelli ou Sterling ainda faziam parte da equipa –, o jovem avançado da Sérvia teve dificuldades em encontrar o seu espaço. Apesar de ter atuado em 34 jogos e marcado 3 golos, a verdade é que Markovic nunca foi opção regular para o treinador dos reds, Brendan Rodgers, repartindo o seu tempo entre o 11 inicial (23 jogos) e o banco de suplentes (11 jogos como suplente utilizado). O sérvio chegou, inclusivamente, a ser utilizado a defesa-direito, o que mostra claramente que o treinador não contava com o jogador nas posições em que se destacou no Benfica e Partizan (extremo-direito ou avançado).
Para além de não ser opção regular, a suspensão de quatro jogos imposta pela UEFA – fruto de uma expulsão num jogo contra o Basileia – também não deve ter abonado a favor de Markovic para que continuasse no clube da cidade dos Beatles. Assim, e após apenas uma época na Premier League, o sérvio rumou à Turquia, para jogar por empréstimo no Fenerbahce, treinado então por Vítor Pereira.
O clube turco estava apostado em dotar o treinador português de uma super-equipa, tendo contratado também Kjaer, Nani e van Persie para atacar o campeonato turco e as competições europeias. Era a hipótese para Markovic voltar a jogar com regularidade e a mostrar a Brendan Rodgers que estava enganado. Só que, mais uma vez, a época não correu de feição ao avançado sérvio: várias lesões na coxa, uma das quais que o colocou “fora de combate” durante mais de 3 meses, impediram-no de dar o seu contributo ao clube turco durante grande parte da época (fez apenas 21 jogos no total, 13 a titular e 8 como suplente utilizado).
No final da época, a esperança de Markovic era que Jurgen Klopp (que entretanto substituíra Brendan Rodgers no comando técnico do Liverpool) lhe desse uma oportunidade na Premier League. Contudo, e apesar de ter trabalhado com o técnico alemão durante a pré-época, a verdade é que Markovic acabou dispensado e autorizado a procurar outro clube. Após muita especulação, o sérvio acabou por aterrar em Alvalade no último dia do mercado de transferências do último verão, por empréstimo dos reds.
No Sporting, Markovic reencontrava o seu antigo treinador em Portugal, Jorge Jesus, e preparava-se para voltar a um campeonato que já conhecia e onde, de resto, tinha brilhado. Estavam reunidos os ingredientes decisivos para que o sérvio, após duas épocas menos conseguidas, voltasse às grandes exibições. Diz-se que o Sporting pagou 1,5 milhões de euros pelo seu empréstimo, o que representa bem as esperanças que os leões depositavam em Markovic.
Só que, mais uma vez, o avançado desiludiu. Apesar das expectativas depositadas na “recuperação” do jogador, agora que estava novamente a ser comandado por Jorge Jesus, a realidade acabou por ser bem diferente. Markovic fez apenas 14 jogos de leão ao peito, apontou 2 golos e nunca foi capaz de “explodir”, como preconizava Bruno de Carvalho, presidente dos leões, no início deste ano.
No final de contas, Jorge Jesus não foi capaz de “recuperar” para o futebol um jogador que, apesar de tudo, tem apenas 22 anos. Agora, é a vez de outro treinador português tentar potenciar as qualidades de um avançado que continua a ter potencial para figurar num dos maiores clubes do mundo. Markovic assinou pelo Hull City, atual penúltimo classificado do campeonato inglês treinado por Marco Silva, e prepara-se para voltar a tentar relançar uma carreira que, nos últimos anos, acabou por não materializar todas as esperanças que nele eram depositadas.
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