2019: 17.º lugar e 33 pontos conquistados.

2020: nona posição, 125 pontos somados, dois primeiros lugares, GP Áustria (Estíria) e GP Portugal (AIA de Portimão), e uma pole position, no circuito algarvio.

2021? “Ambiciono e sinto-me capaz de lutar pelo título”.

A frase pertence a Miguel Oliveira e foi transmitida nas vésperas do início do mundial de MotoGP, competição cujo arranque oficial tem data marcada para domingo, no Qatar, no circuito internacional de Losail.

Depois de dois anos a rodar na Tech (equipa satélite), o piloto português, em ano de estreia pela equipa de fábrica da KTM (Red Bull KTM Racing assumiu ao SAPO24 que “lutar pelo título é um objetivo” que partilha com a marca austríaca, 3.ª, por equipas e 4.º, em construtores, no ano passado.

Antes de voar para o Qatar, Miguel Oliveira disse “ter capacidade” para o fazer. Quem está por detrás da mota dá-lhe “boas ferramentas”, pelo que reconhece caber a piloto e máquina “capitalizar” essa união, atirando para trás das costas qualquer espécie de “pressão”, disse dias antes de acelerar nas pistas.

Aos ombros carrega os títulos de vice-campeão do mundo em Moto3 (2015) e em Moto2 (2018); zero pódios e um top-10, na qualidade de rookie, na MotoGP (2019) e, no ano passado, duas vitórias (uma menos que Morbidelli e em igualdade com Quartararo) e as nove vezes em que terminou no top-10 em corrida.

A temporada passada ficou reduzida a 14 Grandes Prémios devido à covid-19 e o piloto de Almada somou ainda duas quedas, Andaluzia e Catalunha.

Depois de em 2020 ter sido “um dos melhores anos da minha carreira desportiva", admitiu ao SAPO24, aos 26 anos, poderá ser o ano de afirmação plena do português, distinguido, pela quarta vez, Atleta do Ano pela Confederação do Desporto de Portugal (CDP).

A receita para o sucesso foi partilhada numa entrevista à agência Lusa. “Como se constrói um campeonato é corrida a corrida. É pontuarmos, vermos as circunstâncias em que nos encontramos em cada prova e em cada momento, e extrairmos o máximo naquele momento”, afirmou.

“Se isso for uma vitória, será vitória, se for um quinto lugar, será o quinto lugar ou pior, o que é certo é que temos sempre de adaptar as nossas expectativas à realidade e às circunstâncias em que nos encontramos e nunca atirar a toalha ao chão”, sublinhou.

“O campeonato é longo e teremos, sem dúvida alguma, muitas oportunidades para capitalizar e mostrar o nosso potencial em muitas corridas”, acrescentou.

A concorrência: Do campeão Mir ao regressado e hexacampeão Marc Márquez

A primeira bandeira do ano a baixar ocorre este fim de semana no mesmo palco onde, no início de março, Miguel Oliveira e a equipa aceleraram nos testes de pré-época.

As indicações da mota austríaca não foram as melhores, embora, a título pessoal, o português (registou o 16º tempo) destacou-se do seu colega de equipa, o sul-africano Brad Binder.

Preparado para cumprir o terceiro ano entre a elite do motociclismo mundial, o Falcão de Almada, admite não estar sozinho em pista na prossecução do sonho do título.

Candidatos há muitos. “Não descarto ninguém. Temos uma grelha única, é difícil antever quem estará a disputar o título no final do ano. Devido à diversidade de pilotos, de conquistas de pódios e vitórias, torna-se difícil não incluir quase todo o pelotão. Espero estar incluído no lote restrito de pilotos nessa disputa”, rematou ao SAPO24, numa conversa que juntou mais jornalistas, dias antes de viajar para o país da península arábica.

Joan Mir, em Suzuki, campeão em título, feito alcançado somente com uma vitória num Grande Prémio, em Valência (Circuito Ricardo Tormo), é um dos candidatos ao primeiro lugar do pódio final, assim com o seu colega, Alex Rins.

A Petronas Yamaha poderá acelerar Franco Morbidelli para a disputa do cetro. Há ainda Maverick Viñales e Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha), os dois irmãos Espargaró, Pol (Repsol Honda) e Alexis (Aprilia), com vantagem para o primeiro, ou mesmo o australiano, Jack Miller, na Ducati oficial.

Marc Marquez (Honda) é, obviamente, equação a contabilizar nestas contas, depois de uma época inteira a recuperar de uma lesão grave sofrida no arranque da temporada transata, em Jerez de la Frontera (Espanha). Sabe-se, para já, que o espanhol não estará na dupla etapa do Qatar, onde evoluirá o piloto de testes, Stefan Bradl. Mas nem por isso perde favoritismo. Os seis títulos conseguidos na classe rainha em oito épocas (aos quais soma um na Moto2 e um nas 125cc), quatro deles seguidos, de 2016 a 2019, são uma bandeira que carrega no capacete número 93.

O espanhol, se recuperado, parte para o novo ano a um campeonato de igualar o veterano Valentino Rossi. Aos 42 anos, Rossi, 21.ª participação no Moto GP/500, e o 16.º ano com a Yamaha, saltou para a equipa satélite, a Petronas SRT (Malásia).

Carrossel de Portimão volta a estar no caminho das duas rodas

125 dias depois do encerramento de uma época atípica, a longa espera chega ao fim. Dias antes de entrar nas pistas, MO88, que, entretanto, tirou a carta de mota, revisitou o início da carreira nas redes sociais.

Uma carreira no mundial de velocidades iniciada, um ano depois, em 2011 (125cc), então com 16 anos, no GP do Qatar.

2021 regista a 73.ª edição do Campeonato do Mundo de velocidade, apelidado de MotoGP, desde 2002. À partida, estão calendarizados 21 Grandes Prémios, 13 provas na Europa, seis na Ásia (Austrália anexada para este parte do globo) e dois no continente americano, GP das Américas (Austin) e o GP da Argentina, Termas de Rio Hondo, a aguardar nova calendarização.

O Qatar abre o leque, Valência, Espanha, fecha, a 14 de novembro. Portugal recebe, a 18 de abril, a elite mundial de duas rodas. O GP de Brno, República Checa cai, mas entra a Finlândia, kymiRing, a 11 de julho, um regresso 30 anos depois.

O Autódromo Internacional de Portimão será a porta de entrada do continente europeu na competição (3ª etapa), onde permanecerá até final de setembro (San Marino). O palco onde, no ano passado, Miguel Oliveira obteve a pole position (volta mais rápida e vitória), não terá público nas bancadas, tal como sucedido em 2020.

Um ano movimentado no mercado de pilotos

Na grelha de partida estão 22 pilotos, 11 equipas e seis marcas (Yamaha, campeã em título, Honda, Aprilia, Suzuki, KTM e Ducati).

Das 11 equipas, apenas uma manteve a dupla de pilotos para 2021. Nem mais que a campeã Suzuki, que deposita confiança em Joan Mir e Alex Rins.

Na dança das cadeiras destaque para as trocas de Pol Espargaró (ex-) KTM pela Honda, de Francesco Bagnaia, da Pramac Racing para a Ducati Lenovo ou a descida à equipa satélite de “il Dottore”, agora sentado na Petronas SRT e entrada, para o lugar deixado vago, por parte de Fabio Quartararo, na Yamaha.

Por fim, há três novas caras, todos vindos da Moto2: o campeão e o vice-campeão de 2020, Enea Bastianini e Luca Marini, colegas na Esponsorama Avintia Ducati, e Jorge Martín, escolhido para conduzir igualmente uma máquina italiana, mas na Pramac.