A rivalidade entre português e espanhol vem de longe e acostumou-nos a ser um duelo entre primeiro e segundo, no que à tabela diz respeito. Se na época de estreia de Guardiola na Premier League ambos os clubes de Manchester desiludiram, e nunca estiveram perto dos dois primeiros lugares em simultâneo, esta época já não é bem assim. Vejamos o que José Mourinho terá em atenção para evitar que a liga fique decidida antes do final da primeira volta.
Quando o Manchester City é o adversário
Quer se queira quer não, na Premier League pode-se jogar da mesma maneira - entenda-se com o esquema tático e estratégia de jogo - em 36 dos 38 jogos da liga. Contudo, nos dois restantes jogos, contra o Manchester City, se se quiser ter uma chance que seja para levar de vencido os Citizens, ter-se-á que adaptar a forma de encarar o jogo. Para contextualizar, o Arsenal, tal como o City, gosta de dominar a posse de bola. Pois bem, nos restantes jogos da época, todos tirando o jogo frente ao City, o Arsenal tem uma percentagem média de posse de bola a rondar os 65%. Já frente ao Manchester City, a 5 de novembro do mês passado teve apenas 41.8% de posse de bola. Com a posse de bola, muda a posição relativa dos jogadores no relvado. Uma equipa sem bola terá, mais vezes, os seus jogadores mais recuados. Com isto vem um outro número de implicações que terão que levar, obrigatoriamente, os treinadores a achar diferentes soluções.
Está o United preparado para defender mais do que atacar? Claro que está. É aqui que entra a psicologia do treinador português. Com o título em jogo, mais que nunca, o United entrará em campo com um espírito de união e uma resiliência capaz de superar qualquer obstáculo, seja ele físico, técnico ou tático.
Largura e Profundidade
O futebol, a nível tático é, entre outros fatores, feito da exploração do binómio largura e profundidade. A profundidade, devido à grande percentagem de posse de bola do City, estará assegurada, basta para isso haver jogadores a explorar o limite do fora de jogo. É na largura que surge a dificuldade quando se joga contra Guardiola. Com Raheem Sterling e Leroy Sané a fazerem constante movimentos interiores, sobram normalmente os papéis de criação de largura para Kyle Walker e Fabian Delph.
Se todos os jogadores do United tiverem de acompanhar os seus jogadores isso poderá significar que o United acaba com os seus médios mais recuados do que o desejável. Assim sendo, o segredo poderá passar por atuar de forma rápida e eficaz. Permitir que a posse de bola do City seja feita por fora, mas nunca por dentro do coração da equipa do United. Sempre que o City explorar as zonas interiores e conseguir receber a bola entre linhas - entenda-se entre os defesas e os médios, neste caso numa posição central do terreno - o United já vai tarde e poderá estar exposto a perigo iminente. Já que com a qualidade de Sané, a técnica de Sergio Agüero, a velocidade de Sterling e por fim a inteligência de Silva, qualquer bola colocada nestes homens em posição favorável dará uma ação de colocação de bola no espaço por trás da defesa, seja ele central ou lateral.
A solução para este perigo, e será preciso efetua-la durante os noventa minutos, sempre que o City estiver em ataque continuado, será obrigar o City a escolher um dos lados, não deixar sair da lateral a posse de bola, obrigar inclusivamente a atacar pela linha e forçar a uma perda de bola ou a um cruzamento. De entre as soluções de ataque do City, aquela que, teoricamente, será menos perigosa contra o United.
A intensidade das duplas Sterling-Walker e Sané-Delph
De entre todas as qualidades necessárias para se jogar numa equipa de Pep Guardiola, a capacidade física poderá ser aquela para a qual menos olhamos, ainda assim, não devemos deixar de a ter em conta. O grande ‘segredo’ das diferenças entre o City 2016-17 e 2017-18 é a capacidade física. Se Sterling e Sané já faziam parte da equipa na época passada e asseguravam uma frescura física invejável na zona de pressão favorita de Guardiola - pressão alta e imediata após perda da posse de bola -, o resto da equipa não correspondia da mesma forma. Daí o City de hoje ter uma maior capacidade de exploração do espaço atrás da defesa mas, igualmente importante, uma também maior capacidade de recuperação de bola na sequência da perda.
Para isso não há grandes soluções e José Mourinho terá que esperar que os seus jogadores estejam nos seus dias. Ao ganhar a posse de bola o United terá que sair muito rápido destas zonas de pressão, terá que explorar de imediato as fraquezas defensivas do City, que poderão ser as alas, caso os pares de jogadores mencionados acima se deixem contra atacar, ou o espaço central, igualmente precioso, visto os Citizens estarem frequentemente avançados no terreno, sendo Ederson a lidar com muitas das bolas colocadas nas costas quer de Nicholas Otamendi, quer de Fernandinho.
Kevin De Bruyne
Se por esta altura não soubermos quem é Kevin De Bruyne é porque não prestamos muita atenção a futebol, e daí não vem mal ao mundo. Mas se gostamos de futebol sabemos perfeitamente quem é Kevin De Bruyne e as ameaças das quais este é sinónimo. O desbloqueador de defesas é peça mais que fundamental na equipa de Guardiola e daí ser, em minha opinião, o jogador a anular por parte do United.
Será o castigo de Paul Pogba uma carta, surpreendentemente, a favor de Mourinho na construção da equipa para a anulação de De Bruyne? Nenhum treinador quer ver os seus jogadores lesionados e deseja sempre poder contar com eles. Mas por vezes retirar certos jogadores, que nos poderão dar imenso num lado do terreno, no ataque neste caso, não é uma decisão fácil e directa. Ainda assim, contra o City este poderá ser, em minha opinião, um fator a favor. A saída do francês trará não só mais poder defensivo, talvez com a entrada de Herrera, como colocará por certo uma peça mais capaz de ‘morder os calcanhares’ a Kevin De Bruyne durante os noventa minutos.
Evitar que De Bruyne seja o facilitador e o homem que coloca as bolas impossíveis entre linhas e no espaço entre a defesa e o guarda-redes, como explicado acima, é fulcral para anular o poder ofensivo da máquina bem oleada de Guardiola.
Entre todos os factores analisados e os lances de bola parada, onde o United tem vantagem de alturas sobre o City, José Mourinho terá que ver os seus jogadores fazerem um jogo quase perfeito para poderem bater este magnífico City e encurtar a distância pontual e assim conseguirem voltar à luta pelo título de campeões.
Esta semana na Premier League…
Como referido, o ‘Super Sunday’ está de volta e com ele não só um Manchester United vs. Manchester City, mas também o dérbi de Merseyside cuja história já demos a conhecer aqui.
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