Em entrevista ao jornal francês Le Parisien, o antigo treinador de Mónaco e Arsenal, entre outros, salientou a importância de ser reequacionada a cadência das competições, quando questionado sobre os riscos que enfrenta a modalidade.
“O doping e a corrupção. Mas também o número de jogos disputados por ano e os riscos sanitários ligados a isso, que requer uma reflexão para reorganizar o calendário. É razoável, quando devemos ser responsáveis, nomeadamente responsáveis ambientalmente, multiplicar as viagens nas datas dos jogos internacionais [em setembro, outubro, novembro e março], questionou o francês.
Wenger admitiu a necessidade de “se organizar tudo isto, de se reagruparem as datas internacionais”.
“Uma das soluções seria organizar o Mundial e o Euro, e todas as competições continentais, a cada dois anos e parar tudo o resto. Contrariamente ao que dizem, isso não ia prejudicar o prestígio das competições. A Liga dos Campeões é disputada todos os anos e é muito prestigiada. As pessoas querem ver jogos que contam, e as competições que importam”, explicou.
Em causa estaria uma reformulação do método de qualificação para as fases finais, mas também a abolição de jogos particulares ou de outras competições.
O alsaciano, de 71 anos, está a participar num documentário sobre o percurso glorioso do Arsenal na conquista do título inglês em 2003/04, sem derrotas, realizado por Christian Jeanpierre, de quem prefaciou o livro “2026”, aproveitando para apontar esse ano como um ano de viragem no futebol mundial.
“Em 1982, o Mundial passou de 16 para 24 países, era muito. Em 1998, de 24 para 32, era enorme. Em 2026, terá 48, é uma loucura. Sim, parece uma loucura, mas, em percentagem, são menos de 25% dos filiados na FIFA. A UEFA tem 55 países membros e organiza o Euro com 24, são 45%. As seleções são a única e verdadeira motivação para um país empreender mudanças na estrutura do futebol, elevar o seu nível de jogo, desenvolver a modalidade”, detalhou.
Nesse sentido, o antigo treinador apontou um possível formato da competição, com 16 grupos de três seleções, avançado, rapidamente, para a fase a eliminar.
Entre outras preocupações para a modalidade, Wenger realçou a “vigilância” da FIFA sobre os cabeceamentos, e os microtraumatismos que esta ação pode provocar, considerando banir o jogo de cabeça nos escalões de formação.
Ainda antevendo 2026, o francês disse esperar ver, nessa altura, Kylian Mbappé “no topo do mundo”, reiterando encontrar semelhanças entre o jovem francês e o brasileiro Pelé: “É um bom exemplo a seguir, o Pelé disputou quatro Mundiais e ganhou três e o Kylian, de 22 anos, jogou um e ganhou um”.
Comentários