Vinte nações disputam, a partir de hoje, no Japão, a nona edição do Mundial de Râguebi. Doze cidades e 12 estádios acolhem os 48 jogos do troféu em disputa, a Taça Webb Ellis.
A seleção nipónica teve a honra do jogo de abertura com a Rússia (11h45 em Portugal), no Estádio de Tóquio. Seis semanas depois, 43 dias para sermos mais precisos, o estádio internacional de Yokohama testemunhará a grande final.
A Nova Zelândia, atual bicampeã mundial (soma três títulos) e segunda no ranking da World Rugby é o suspeito do costume para arrecadar o troféu banhado a ouro com 31 centímetros e 4,5 kg. Um favoritismo apesar de carregarem nos ombros um terceiro lugar no Rugby Championship, torneio do hemisfério sul (equivalente ao das Seis Nações, na Europa) disputado anualmente com a África do Sul (vencedora este ano), Austrália e Argentina.
Como se não bastasse, nas estatísticas surgem alguns resultados inesperados na competição na parte sul do planeta, de que são exemplo a derrota com australianos e o empate com sul-africanos, ou mesmo a derrota diante a Irlanda (novembro de 2018), mostrando que a invencibilidade não é eterna.
No lote de favoritos cabe igualmente a Irlanda, atual número 1 na hierarquia, o que acontece pela primeira vez na sua história. A equipa chega ao "país do Sol Nascente” com as bandeiras de Melhor Seleção e Melhor Jogador, Jonathan Sexton, do ano 2018.
A Inglaterra (3.º no ranking), único país europeu que conseguiu o título mundial (2003), surge com expectativas elevadas depois da deceção em 2015, quando organizou o Mundial. Juntamente com a África do Sul (4.º), duas vezes campeã mundial e vencedora do Rugby Championship, engrossam o lote de favoritos, um quadro de honra em que deverá ficar de fora a Austrália, duas vezes vencedora da competição.
Por fim, o País de Gales (5.º) aterra no Japão como vencedor do Torneio das Seis Nações (com Grand Slam) e com o “estatuto” de ter sido número um do mundo por um par de semanas, roubando o trono à seleção neozelandesa (esteve 10 anos nesse lugar), mas perdendo para seleção do trevo ao peito (Irlanda).
Antes de entrarem em campo, os galeses somam uma derrota e uma vitória. Rob Howley, treinador-adjunto, foi “obrigado” a regressar a casa por decisão da Federação Galesa, por, alegadamente, estar envolvido num caso de apostas, facto que é expressamente proibido pelo artigo 6.3.1 dos regulamentos da World Rugby. Alheios a suspeitas, 15 mil adeptos japoneses têm acolhido de forma calorosa os Diabos Vermelhos, assistindo aos treinos na cidade de Kitakyushu, que mais parece Cardiff, por estes dias.
Se Gales tem uma legião de fãs, os All Blacks tiveram aos seus pés aprendizes do Haka.
Um Mundial “muito diferente", com cerveja e sem tatuagens
No Japão, o entusiasmo pela bola oval é grande. Não só porque é a primeira vez que recebe o torneio (é igualmente a primeira vez que se disputa na Ásia e que não é uma grande potência a organizar), mas também porque na memória de todos os japoneses está a prestação da sua seleção (10.ª) no Mundial de 2015: três vitórias na fase de grupos, uma delas, épica, frente à África do Sul (34-32). Três resultados positivos que, no entanto, foram insuficientes para prosseguirem na prova, algo inédito também.
Com um impacto económico esperado de 3,6 mil milhões de euros Alan Gilpin, diretor de operações da prova, afirmou, em entrevista, esperar que os 400 mil adeptos que se prevê que visitem o Japão presenciem “algo muito diferente daquilo a que estavam habituados”, facto que considera “brilhante”.
Para já, as autoridades nacionais procuram garantir que a cerveja não falte, ou não estivéssemos a falar de uma competição em que o consumo do líquido de cevada e lúpulo atingiu, no último Mundial (2015), os 1,9 milhões de litros.
Em paralelo, lançaram um pedido, motivada por questões culturais, a adeptos e jogadores relacionado com as tatuagens exibidas. Solicitam que, em locais públicos, como piscinas e ginásios, em zonas balneares, os desenhos no corpo não sejam exibidos aos olhos de todos por perigo de associação à máfia japonesa (Yasuca), deixando, ao livre arbítrio de cada cidade, a melhor forma de interpretarem esta indicação. A seleção de Samoa levou “à letra” este pedido e já informou que, durante as cerimónias oficiais, irá andar de braços e pernas tapadas.
A receção às oito seleções europeias (Inglaterra, Irlanda, País de Gales, Escócia, França, Itália, Geórgia e Rússia), três ilhas do Pacífico (Fiji, Samoa e Tonga), quatro seleções do continente americano (Argentina, Uruguai, EUA e Canadá), duas nações africanas (África do Sul e Namíbia), duas da Oceânia (Austrália e Nova Zelândia) e o apoio à equipa que joga em casa, Japão, única representante do continente asiático em prova, merece palavras elogiosas de Gilpin.
O Mundial deverá ser “o mais competitivo de sempre”, concluiu Alan Gilpin.
Estes são os quatro grupos da competição:
Grupo A: Irlanda, Japão, Escócia, Samoa e Rússia.
Grupo B: Nova Zelândia, África do Sul, Itália, Namíbia e Canadá
Grupo C: Inglaterra, França, Argentina, EUA e Samoa
Grupo D: País de Gales, Austrália, Fiji, Geórgia e Uruguai
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