O surf feminino português está em alta. Teresa Bonvalot, campeã europeia e líder do ranking europeu da Liga Mundial de Surf (WSL), Mafalda Lopes e Francisca Veselko, vice-líderes e respetivamente campeã europeia júnior 2019 e atual campeã nacional da Liga MEO Surf, já estão garantidas nas Challenger Series Tour (CS), prova que dará acesso ao Championship Tour (WCT) 2023, circuito da elite mundial de surf.

As surfistas garantiram três das sete vagas disponíveis pela Europa — circuito regional de qualificação da WSL — para a segunda divisão mundial. A competição global, começa em maio, será dividida em oito etapas, passa por Portugal e abre portas a 12 vagas masculinas e seis femininas para o WCT 2023.

A este tridente poderá ainda juntar-se Yolanda Hopkins. A surfista vice-campeã mundial, 5.ª nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, terminou em 8.º do ranking europeu, a 50 pontos e um lugar fora do apuramento direto (o cut de qualificação terminava no sétimo posto).

No entanto, a terceira melhor surfista europeia na edição inaugural do Challenger Series Tour (19.º do ranking no ano passado) poderá aspirar a uma das eventuais vagas de suplentes que surjam em virtude da ausência de surfistas da elite mundial nas etapas das Challenger Series.

Homens portugueses olham para o sucesso feminino

A olhar para este sucesso escrito no feminino estão os homens que ambicionam a entrar, para já, nas CS, antecâmara do WCT 2023, circuito de elite que tem Frederico Morais como o único representante português.

A última etapa do circuito europeu de qualificação da Liga Mundial de Surf e consequente definição das nove vagas europeias (mais um wild-card) para as Challenger Series arranca hoje na Praia da Física, em Santa Cruz. Terá período de espera até dia 16.

A anfitriã do Estrella Galicia Pro Santa Cruz Presented By Noah Surf House (QS3000 masculino), Laura Rodrigues, presidente da câmara municipal de Torres Vedras, regozija-se com o facto de Santa Cruz continuar a marcar a agenda competitiva da WSL.

“Começou por ser um QS1000, neste momento vamos para o terceiro QS3000. É o quinto ano de competições da Liga Mundial de surf. Veio para ficar e marcámos uma posição”, assinalou referindo-se às provas internacionais realizadas em praias onde a estrada nacional 247 desagua. A via atravessa Santa Cruz, localidade situada no meio de duas paragens obrigatórias das competições mundiais e igualmente ligadas pela via nacional com os três números: Ericeira e Peniche.

A primeira receberá o EDP Vissla Pro Ericeira Ribeira D'Ilhas, de 1 a 9 de outubro, 5.ª etapa das Challenger Series e o segundo spot, Supertubos, tem sido desde 2012 evento residente do Mundial, tendo recebido este ano a etapa número 3.

Um russo na água e o desejo de Vasco Ribeiro

Para lá chegar ao mais alto nível, Pedro Henrique, melhor português do ranking WSL europeu (15.º e 2500 pontos), Francisco Almeida (18.º), Guilherme Fonseca (19.º), Vasco Ribeiro (23.º), necessitam de que os ventos soprem favoravelmente (cut nos 4 mil pontos) e de uma ida às meias-finais e finais para conseguirem o acesso às CS, antecâmara do Circuito Mundial.

Entram em ação na ronda 4 numa etapa que conta com 23 portugueses entre 130 atletas, um deles russo a competir com bandeira internacional, Nikita Avdeev.

Ausente de Israel, por lesão, eliminado precocemente na Caparica na semana passada (terminou em 25.º), “o foco total é em Santa Cruz”, sublinhou Vasco Ribeiro, campeão europeu da WSL em 2021. “Vou dar o máximo. Quero manter o título em casa, Santa Cruz é um dos sítios que eu mais adoro, onde passo muito tempo a treinar. Este ano é para ir com tudo”, acrescentou o vencedor da edição passada, esperançado em trepar no ranking e aceder às Challenger Series.

Ramzi Boukhiam, n.º 2 do ranking,  persegue há vários anos a entrada entre a elite mundial. “O objetivo é o CT. Estou preparado, mas é duro, não me basta andar a bater à porta, quero entrar e ficar por uns anos”, disse o surfista marroquino.

“Não sei se é mais fácil chegar a esse objetivo por via de eventos regionais ou ter uma competição logo global. Se tivermos vários eventos na Europa é diferente de ter dois ou três. Se falhas um, lá se foi o CS. Não sei qual dos modelos prefiro. Não sou contra, mas tenho de ajuizar primeiro”, comentou a propósito do modelo de acesso em vigor.