"Eu assino o que ele pede", afirmou Neymar numa breve declaração durante as perguntas dos representantes do Ministério Público espanhol.

Questionado se intercedeu nos contactos com o Barcelona para a sua transferência, o agora atacante do Paris Saint-Germain, de 30 anos, disse que não lembrava e sobre as negociações de contratos afirmou: "O meu pai sempre cuidou de tudo, foi sempre ele o responsável por isso".

Previsto a princípio para uma data posterior, o depoimento do camisola 10 da seleção brasileira em Barcelona foi antecipado para esta terça-feira a pedido dos seus advogados, que alegaram que o atacante deve jogar pelo PSG na sexta-feira (campeonato francês) e na próxima terça-feira (Liga dos Campeões).

Neymar não precisará de estar presencialmente ao julgamento, mas é possível que tenha de falar novamente até o fim do processo, em 31 de outubro, por videoconferência.

Na segunda-feira, a defesa de Neymar, que a partir de 20 de novembro comandará a seleção do Brasil no Campeonato do Mundo do Qatar, conseguiu autorização para que o atacante e os seus pais, também alvo de processo, deixassem o tribunal por algumas horas durante a audiência inicial.

O motivo? O jogador estava cansado depois de disputar uma partida no domingo à noite, quando marcou o golo da vitória do PSG contra o Olympique de Marselha pelo campeonato francês.

Acusado do crime de corrupção empresarial, o Ministério Público pede a pena de dois anos de prisão e o pagamento de multa de 10 milhões de euros para Neymar Jr.

Os seus pais, os ex-presidentes do Barcelona Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu e o ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues Filho também estão a ser alvo da justiça, assim como três entidades coletivas: FC Barcelona, Santos FC e a empresa fundada pelos pais do jogador para administrar a sua carreira.

Todos são acusados pelo fundo de investimentos DIS, que possuía parte dos direitos económicos de Neymar quando era uma jovem promessa, pela suposta ocultação do valor real da sua transferência para o Barça em 2013.

O FC Barcelona anunciou a um primeiro momento que a contratação de Neymar custou 57,1 milhões de euros (40 milhões para a família e 17,1 para o Santos), mas a justiça espanhola calculou que a operação tenha custado, pelo menos 83 milhões de euros.

Para o DIS — o fundo de investimento desportivo que pertencia ao grupo brasileiro de supermercados Sonda —, o Barcelona, Neymar e mais tarde o Santos aliaram-se para ocultar o valor real da operação por meio de outros contratos dos quais o fundo ficou de fora.

A empresa, que adquiriu 40% dos direitos económicos do jogador em 2009, recebeu 6,8 milhões de euros dos 17,1 pagos oficialmente ao clube brasileiro.

Por considerar-se duplamente prejudicado, tanto por não ter recebido a sua parte da transferência real quanto pelo contrato de exclusividade assinado por Neymar e o Barcelona — que impediu outros clubes de disputar a contratação do atacante —, o fundo DIS pede a restituição dos 35 milhões de euros que calcula ter perdido.

Como acusação particular, o grupo pede ainda cinco anos de prisão para o jogador, Rosell e Bartomeu, além de multas milionárias. Os advogados do brasileiro negam qualquer irregularidade e afirmam que Espanha não tem competência legal para o caso.

Convocado para prestar depoimento, o presidente do Real Madrid, Florentino Perez, foi conciso. Perez confirmou que em 2011 o clube merengue ofereceu 45 milhões de euros por Neymar, mas disse que não participou diretamente nas negociações e que, em última análise, "os jogadores (...) vão para onde querem". "Neste caso, eu acredito que Neymar queria ir para o Barcelona", afirmou.

Este processo conhecido como "Neymar 2" é o capítulo mais recente da saga judicial provocada pela transferência do atacante para o Barcelona em 2013, que incluiu uma multa de 5,5 milhões de euros para o clube catalão por irregularidades fiscais, além de várias ações judiciais iniciadas após a saída abrupta do jogador para o PSG em 2017.

Finalmente, o clube e o camisola 10 da seleção brasileira chegaram a um acordo "amistoso" no ano passado para encerrar todos os procedimentos judiciais pendentes.

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