São vários aqueles que têm vindo a vaticinar o fim da era Lionel Messi - Cristiano Ronaldo no panorama do futebol mundial, com o argentino e português a serem substituídos, nas premonições sobre o futuro do desporto-rei, por nomes como Kylian Mbappé e Erling Håland. Uns dizem que os rumores são exagerados, que, apesar de CR7 já ter 36 anos e Messi 33, ambos os jogadores, que durante 10 anos consecutivos açambarcaram várias Bolas de Ouro e Ligas dos Campeões, ainda estão capazes de continuar a prendar o Mundo com futebol de altíssima qualidade. Outros dirão que os seus tempos áureos já chegaram ao fim e que estamos a assistir à passagem de testemunho. Sem tomar nenhum partido, podemos objetivamente aferir que este último grupo de opinadores ganhou hoje um novo argumento.

Depois da Juventus de Cristiano Ronaldo ter sido eliminada esta terça-feira pelo FC Porto da Liga dos Campeões, o FC Barcelona de Lionel Messi caiu hoje aos pés do Paris-Saint Germain, incapaz de repetir a remontada de 2017 frente ao clube francês. Ou seja, nem o 10 dos Blaugrana, nem o 7 da Vecchia Signora vão estar nos quartos de final. É a primeira vez que tal acontece desde 2004/05.

Há 16 anos, quando o português tinha 20 anos, o Manchester United, clube onde atuava, caiu também nos oitavos de final, dessa feita frente ao poderoso AC Milan, liderado por Carlo Ancelotti e que contava no plantel com nomes como Kaká, Rui Costa, Seedorf, Paolo Maldini, Gattuso, Pirlo, Nesta e Cafu e que nessa edição da prova chegaria à final, onde seria derrotado nas grandes penalidades pelo Liverpool, naquela que é uma das finais mais memoráveis da era moderna da Liga dos Campeões.

Já o jovem Messi, de apenas 18 anos, viu o seu Barcelona cair na primeira eliminatória pós-fase de grupos da liga milionária aos pés do Chelsea do Special One José Mourinho, que vivia a sua primeira temporada em Terras de Sua Majestade. Na altura, justiça seja feita, La Pulga ainda não fazia parte, de forma recorrente, das opções do técnico Frank Rijkaard que, curiosamente, levaria o 10 argentino a conquistar a sua primeira orelhuda na época seguinte, o momento mais alto da era do 'Joga Bonito' do clube Catalão.

Agora em março de 2021, a história repete-se. Ronaldo e Messi já não são dois jovens em ascensão, mas dois dos maiores nomes na história do futebol mundial, cada um envolvido na sua batalha. Se o português se bate com um projeto que parece não ter encaixado com as suas ambições, em três temporadas com a Juventus o mais longe que o clube italiano conseguiu ir na Champions foi até aos quartos de final, em 2018/19, o argentino encontra-se perante um clube em decomposição desde a saída de Neymar. Desde que o brasileiro se mudou para Paris que os catalães entraram num loop de erros de casting para o comando técnico e para o lugar do N da MSN (Messi - Suárez - Neymar). A instabilidade no clube levou inclusive que o jogador com mais Bolas de Ouro de sempre estivesse prestes a abandonar o clube que representou toda a sua vida como jogador profissional, algo que não aconteceu no último verão, mas que pode acontecer no próximo, altura em que o contrato do argentino termina.

Não deixa ainda de ser curioso que a saída prematura de competição destes dois homens, que são responsáveis pelas conquistas de nove Ligas dos Campeões nos últimos 15 anos, aconteça no ano em que voltaram a defrontar-se pela primeira vez desde que Cristiano Ronaldo deixou o Real Madrid. Na fase de grupos, Messi e Ronaldo defrontaram-se em duas ocasiões. O argentino levou a melhor da primeira, com uma vitória por 0-2 em Turim, e o português a segunda, com uma vitória por 0-3 em Barcelona.

Ah, e Mbappé e Håland, como quem diz, PSG e Borussia Dortmund, estão nos quartos de final. O primeiro voltou a marcar aos Blaugrana e prepara-se para guiar a equipa até à segunda final consecutiva para tentar vingar a derrota da última época aos pés do Bayern Munich. Já o noruguês tornou-se na terça-feira no mais jovem de sempre a atingir os 20 golos na liga milionária, algo que fez em apenas 14 jogos.