A Madeira volta a estar na rota do circuito Extreme Sailing Series (ESS), uma das mais importantes competições da vela mundial. Pelo segundo ano consecutivo a baía do Funchal reúne os velozes catamarãs GC32, embarcações que voam literalmente sobre a água e que desafiam as leis da física e a verticalidade das embarcações. Começa hoje e prolonga-se até ao próximo domingo, dia 2 de julho.

A 3ª etapa de um circuito que vai na 11ª edição e que passa por três continentes, com paragens no Médio Oriente, Ásia, Europa e América, e “assenta praça” em 8 cidades, reúne alguns dos melhores velejadores mundiais integrando um lote onde constam campeões olímpicos, vencedores da America’s Cup, lendas das voltas ao mundo e campeões nacionais.

Sete equipas disputam a competição a nível global, representando cada qual um país. Seis são fixas pelo mundo e em cada um dos locais onde passa contará com uma equipa local convidada (wild card).

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As atenções dos portugueses no Funchal, prova de entrada do circuito na Europa, centram-se na Team Extreme. Convidada pela organização, tem como skipper Mariana Lobato - velejadora olímpica (JO 2012), campeã Mundial de Match Racing, em 2013, e que no ano passado participou na etapa de Lisboa da ESS com a equipa do Thalassa Magenta Racing - e o madeirense Paulo Manso na tripulação.

“Este evento é uma mais-valia para a Madeira, até porque é um dos mais mediáticos do mundo da vela. Estão aqui algumas das melhores tripulações e, sem dúvida, que a ilha já́ está no mapa com esta prova. Potencia o turismo e também a vela regional. As condições naturais existem e as infraestruturas estão cada vez melhores”, sublinhou Paulo Manso, que participou na primeira edição da Taça América da Juventude (Red Bull Youth America’s Cup).

41 velejadores que representam 11 nacionalidades dispersam-se pela Alinghi (Suíça), vencedora no ano passado e líder atual no ranking, Land Rover BAR Academy (Inglaterra), SAP Extreme Sailing Team (Dinamarca), Oman Air (Omã), Red Bull Sailing Team (Áustria) e a NZ Sailing Team (Nova-Zelândia), para além da Team Extreme.

17 contentores pelo mundo. Nas cidades, um estádio para o povo e VIP’s a bordo

Levar o circuito ESS pelo mundo fora obriga à uma rigorosa e apertada logística para que nada falhe e tudo se cumpra a tempo e horas. 17 contentores de 40 pés são deslocados, por terra e mar, ao longo de quase 48 mil milhas (77 mil quilómetros).

Em cada etapa, nas 8 cidades por onde passa, montar e desmontar esta pequena vila itinerante composta por Race Village, Extreme Club e área técnica leva, em média, 2443 horas.

Os barcos que pesam 975 kg (sem velas), atingem 39 nós (72 km/h), acumulam 32 dias de regatas, sendo que, ao todo, entram na água cerca de 200 vezes.

A competição desenvolve-se no mar, mas está e quer estar à vista de todos. Por isso, em terra, são montadas bancadas para o público assistir às 10 regatas por dia.

No Funchal, na Baía da cidade, na Marina, a organização desta etapa do circuito mundial, a cargo da empresa global de marketing e eventos desportivos, OC Sports, construiu, à imagem do que faz desde início desta competição, um estádio para quem quer acompanhar, de perto, as manobras e táticas das 7 equipas presentes.

A proximidade é tanta que dá para ver as caras dos cinco tripulantes de cada equipa mais o convidado VIP (marinheiro convidado) que ganha o direito de viver por dentro as arriscadas e vertiginosas manobras dos barcos que andam sobre a água.

Catamarãs mais rápidos e leves em estreia na Madeira. E com equipa lusa

A etapa madeirense da Extreme Sailing Series apadrinhará a estreia dos Flying Phantoms. Catamarãs super-velozes, denominados de “pocket-rockets”, capazes de atingir 31 nós (47 km/h), leves (165 kg) e com cinco metros de comprimento, foram desenhados por Martin Fisher, responsável pelos GC32s, e pela equipa da Groupama.

Entre os 12 barcos de dois tripulantes, 24 velejadores de oito nacionalidades vão competir na baía do Funchal.

Entre os catamarãs que entram em competição a partir de hoje inclui-se uma equipa portuguesa formada por uma tripulação cem por cento madeirense composta por Hélder Basílio e João Sousa. Nos restantes dias, Basílio fará dupla com José́ Caldeira. “Finalmente temos a oportunidade de fazer uma prova aqui em minha casa”, referiu este último.

Depois das passagens por Muscat (Omã), Qingdao (China) e Funchal (Portugal), a 11ª edição das Extreme Sailing Series segue para Hamburgo (Alemanha), Cardiff (País de Gales), San Diego (EUA) e Los Cabos (México), estas últimas, duas novas localizações deste circuito mundial.

* O jornalista viajou a convite do Turismo da Madeira