“No seguimento do episódio em Espanha, de Luís Rubiales, e do assédio em contexto desportivo, tendo em conta que existe uma candidatura conjunta de Portugal, Espanha e Marrocos, para o PAN era fundamental perceber quais os princípios e quais os aportes que Portugal iria dar, sobretudo na organização do Mundial, caso venha a ser votada favoravelmente esta candidatura”, disse Inês Sousa Real à agência Lusa após uma reunião com o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes.
Segundo a porta-voz do PAN, a Federação Portuguesa de Futebol reforçou “a importância do canal de denúncia que foi criado dentro da federação para que os atletas e as atletas possam fazer estas denúncias de forma segura e anónima”.
No entanto, como “noutros contextos ou noutras áreas desportivas o mesmo não existe”, para a porta-voz do PAN seria “importante replicar este tipo medidas noutras áreas”.
Inês Sousa Real deixou um repto “para que efetivamente Portugal esteja na liderança e seja um embaixador da igualdade de género, seja neste Mundial, seja noutros que sejam organizados”.
A deputada do PAN recordou que no Mundial do Qatar houve “uma censura e o repúdio do ponto de vista internacional” por “estar a ocorrer num país onde os direitos humanos não são respeitados”.
“Pedimos que efetivamente a Federação contribua de forma positiva, quer com o trabalho que tem feito internamente em Portugal, quer depois com o exemplo que possa dar em termos de comunidade internacional”, disse.
Considerando que não se pode “ignorar nem esquecer que os confrontos de assédio são ainda muito presentes na nossa sociedade”, a porta-voz do PAN referiu ainda que o partido “tem procurado autonomizar o assédio sexual no Código Penal”.
“É muito importante que este tema seja discutido de forma séria na Assembleia da República. Tem esbarrado num certo conservadorismo esta autonomização e também fazemos avanços do ponto de vista daquilo que é a proteção ou tornar até mesmo público determinados crimes, como é o crime de violação”, explicou.
Sabendo que “são realidades distintas” em relação ao caso Rubiales, para Inês Sousa Real o futebol é uma área que “chega a milhões de pessoas”, sendo “uma oportunidade por este infeliz caso que aconteceu e que é repudiável” conseguir “de alguma forma sensibilizar a sociedade no seu geral para este tipo de fenómenos e para os direitos das mulheres”.
“Passa não só pelo processo legislativo, mas também por aquela que é uma responsabilidade social partilhada com outras entidades e que, no caso em particular do futebol, consegue ampliar esta mensagem para uma sociedade de maior respeito para com os direitos das mulheres”, defendeu.
A polémica gerou-se na final do Mundial feminino, quando Luís Rubiales, então em funções como presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), agarrou uma jogador e lhe deu um beijo na boca, que a futebolista disse depois não ter sido consentido.
Antes, na bancada do estádio, Rubiales tinha tocado os próprios genitais para celebrar a vitória espanhola.
Os dois comportamentos valeram-lhe queixas do governo de Espanha ao Tribunal Administrativo do Desporto, que decidiu abrir um processo disciplinar a Rubiales, e a suspensão da FIFA do cargo de presidente da federação espanhola, durante 90 dias.
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