"Nunca iremos vender jogadores ao desbarato. Os jogadores têm um preço. Se for preciso, o Benfica vai recorrer a um ou dois empréstimos obrigacionistas. A solução ideal é não haver mais paragens de campeonato e o Benfica conseguirá encontrar o seu caminho", afirmou Luís Filipe Vieira, em entrevista à BTV.

O líder do clube da Luz advertiu que, perante os problemas decorrentes da pandemia, a gestão tem de ser feita "dia a dia" e que "à data de hoje, o Benfica não precisa de vender jogadores", revelando que, em janeiro, rejeitou uma proposta pelo avançado brasileiro Carlos Vinícius e que, se não fosse a crise mundial de saúde pública, as ‘águias' tinham garantidos 200 ME na venda de dois jogadores.

"Recebei uma proposta de 60 ME pelo Vinícius e não vendemos, em janeiro. Não digo de quem era a proposta. E se não fosse a pandemia, o Benfica teria garantidas vendas de 200 ME com dois jogadores, 100 cada um", transmitiu.

Mesmo perante os desafios financeiros criados pela covid-19, Vieira assegurou que não vai baixar ordenados, recorrer a um ‘lay-off' ou despedir funcionários, sendo que o Benfica tem "uma situação que lhe permite estar preparado para os próximos cinco meses", ainda que já esteja a perder entre 20 e 25 ME em receitas nesta fase.

O recente ‘chumbo' da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre uma percentagem da SAD do Benfica também foi abordado por Vieira, que garantiu que "o Benfica foi completamente transparente com a CMVM [Comissão do Mercado de Valore Mobiliários] em toda a informação".

Por outro lado, o presidente das ‘águias' voltou a reforçar a aposta na formação, mostrando-se indisponível para vender Florentino ou Jota e confirmando que Diogo Gonçalves e Nuno Santos, emprestados a Famalicão e Moreirense, respetivamente, vão integrar os trabalhos de pré-época da equipa principal.

Um eventual regresso de David Luiz à Luz não deverá suceder a curto prazo, segundo Vieira, desde logo porque "é impensável o Benfica pagar" o que o central brasileiro recebe no Arsenal. Ainda assim, Luís Filipe Vieira admite que David Luiz poderá voltar ao Benfica "em determinadas condições", tal como sucedeu com Rui Costa, em 2006.

O líder dos ‘encarnados' considerou que "se o Benfica tivesse a capacidade financeira de outros clubes", seria possível resgatar alguns dos jovens que saíram da Luz nas últimas temporadas e que têm vincado, sucessivamente, a vontade de voltar ao clube, como são os casos de Renato Sanches, Bernardo Silva, Nélson Semedo ou Gonçalo Guedes.

Sem revelar o nome do jogador, Vieira deixou uma garantia: "Há um jogador que já disse que, quando terminar o contrato com o atual clube, vai voltar ao Benfica. Nessa altura, terá 27 anos. E esse vai voltar mesmo. Isso deixa-me muito feliz. É sinal de que os jogadores sentem uma família dentro do Benfica."

Presidente do Benfica nega problemas com Proença e descarta “alianças para destruir”

"Não tenho nada de pessoal contra Pedro Proença. Se alguém o apoiou na relação da Liga com a Federação Portuguesa de Futebol, fui eu", começou por dizer Vieira.

A eventual transmissão de jogos da I Liga em canal aberto, solicitada pelo presidente da LPFP, levou à decisão: "Foi uma carta remetida pela Liga, em nome dos clubes. Eu não conhecia a carta e fiquei indignado quando a li. Ninguém pode falar em nosso nome sem darmos autorização para tal. Nunca deveriam ter feito isso. [O Benfica] Tinha de sair da Liga, até para poder mostrar ao nosso operador [NOS] que não éramos coniventes com aquilo. Mas não tenho nada contra Pedro Proença."

Embora reconhecendo a centralização dos direitos televisivos poderá ser uma realidade a partir de 2028, Vieira lembrou que, até lá, "há temas que têm de ser bem preparados para se chegar à centralização, como a pirataria ou a visibilidade da Liga portuguesa em termos internacionais".

Por outro lado, rejeitou qualquer intenção do Benfica em formar uma aliança com o Sporting, como recentemente insinuou o presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, lembrando uma mensagem que o antigo líder do Sporting, Bruno de Carvalho, lhe enviou no dia em que foi destituído da direção dos ‘leões'.

"É um momento de muita ternura entre os dois. Não está no meu horizonte fazer alianças com quem quer que seja para destruir quem quer que seja. Aliás, isso já aconteceu em duas situações, para destruir o Benfica, uma delas com essas duas pessoas. Tentaram destruir-nos através de calúnias, mas será feita justiça. Acredito na justiça e ninguém nos vai julgar por algo que nunca fizemos", observou.

A recente demissão do presidente da Mesa da Assembleia-Geral (AG) do Benfica, Luís Nazaré, foi justificada por Vieira como uma divergência de opiniões, a pouco menos de cinco meses das eleições no clube.

De resto, um ato eleitoral em que o atual presidente do Benfica, no cargo desde 2003, terá a oposição de Bruno Costa Carvalho, candidato derrotado em 2009, e de Rui Gomes da Silva, antigo vice-presidente dos ‘encarnados', a quem Vieira apelidou de "populuxo”.

"[Duas candidaturas de oposição] Demonstra que o Benfica tem muita vitalidade. Não se passou nada com Rui Gomes da Silva. Ele disse várias vezes que eu era o melhor presidente da história do Benfica, portanto não faz sentido ele falar quase todos os dias. Se quer notoriedade, que o faça. Todos os dias dá alegrias aos nossos adversários. Quem não o conheça, acha que está ali um antibenfiquista. Qualquer dia está no Porto Canal", finalizou Vieira.