“Envio uma mensagem a todas as pessoas do mundo para defenderem os princípios olímpicos e a Carta Olímpica, para se absterem de intimidar todos os atletas, porque isso tem efeitos, efeitos enormes”, disse Khelif, numa entrevista divulgada no domingo à noite.
O bullying “pode destruir as pessoas, pode matar os pensamentos, o espírito e a mente das pessoas”, acrescentou, em árabe, a atleta de 25 anos, a um serviço televisivo parceiro da agência de notícias Associated Press.
Khelif garantiu já uma medalha nos Jogos Paris2024, ao apurar-se para as meias-finais da categoria de -66 kg, numa modalidade que atribui dois bronzes.
No sábado, Khelif derrotou a húngara Anna Luca Hamori por pontos, numa decisão por unanimidade, e, na terça-feira, vai discutir com Janjaem Suwannapheng o acesso à final, depois da tailandesa, vice-campeã mundial, ter afastado a campeã olímpica, a turca Busenaz Surmeneli.
A argelina, que atingiu os quartos de final em Tóquio2020, bem como a taiwanesa Lin Yu-ting (-57 kg), para já nos ‘quartos’, após ter sido afastada na primeira ronda há três anos no Japão, estão no centro de alegações infundadas sobre o seu género.
O Comité Olímpico Internacional (COI) tem defendido a sua participação, ante um coro de vozes que entendem que não deveriam estar a competir entre mulheres.
Esta situação tem sido mesmo das mais polémicas de Paris2024, com os debates nas redes sociais, nos quais até já participam, entre outros, o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a escritora J.K. Rowling, ou a Primeira-Ministra italiana Geórgia Meloni.
“Vamos ser muito claros aqui: estamos a falar sobre boxe feminino. Temos duas pugilistas que nasceram mulheres, que foram criadas como mulheres, que têm passaporte de mulher e que competem há muitos anos como mulheres. E esta é a definição clara de mulher. Nunca houve qualquer dúvida sobre elas serem mulheres”, defendeu no sábado o presidente do COI, Thomas Bach.
Khelif e Lin enfrentaram escrutínio internacional depois de terem sido banidas do mundial de 2023 pela Associação Internacional de Boxe, entidade reguladora excluída do olimpismo pelo COI, e na qual competiram desde sempre, e que nunca apresentou dados concretos para justificar a sua nova decisão, alicerçada em supostos níveis elevados de testosterona.
No domingo, Khelif recusou responder quando questionada se tinha sido submetida pela Associação Internacional de Boxe a outros exames para além dos testes antidoping, dizendo que não queria falar sobre o assunto.
A atleta expressou gratidão ao COI e a Thomas Bach por a terem apoiado: “Sei que o Comité Olímpico me fez justiça e estou feliz com esta solução porque mostra a verdade”.
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