A Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) e a Federação Portuguesa de Ciclismo assinaram hoje, na sede do Comité Olímpico de Portugal, em Lisboa, um protocolo de cooperação no domínio da luta antidopagem, que irá abranger, em 2023 e 2024, o alargamento a todos os 92 ciclistas das equipas continentais UCI portuguesas dos controlos no âmbito do passaporte biológico, obrigatório para equipas WorldTour e Procontinentais, os dois primeiros escalões da modalidade.

“É um passo gigante na luta antidopagem sem paralelo noutros países", frisou Manuel Brito, presidente da ADoP.

Após um ano manchado pelo caso W52 e respetivos danos reputacionais sofridos pela modalidade, “estamos perante um ano histórico do ciclismo português, diria até a nível mundial. Ter todos os ciclistas no passaporte biológico é pioneiro no ciclismo mundial. É a primeira vez que se adota este tipo de medidas no terceiro escalão da UCI”, sublinhou Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC), durante a conferência de imprensa.

Para o presidente da ADoP, o protocolo assinado entre as duas entidades tem um “significado muito grande não só para o ciclismo, mas para o desporto nacional”. Admitindo a exigência de um “tratamento especial” para o ciclismo, após a “Operação Prova Limpa”, salvaguardou que “Portugal não é um país perigoso em relação à dopagem relativamente a outros países”.

Revelando alargamento do “passaporte biológico” a outras modalidades, nomeadamente “o futebol”, sem adiantar mais detalhes, Manuel Brito diz estar, para já, a “repor a credibilidade ao ciclismo”.

“Estamos aqui a dar uma volta para o futuro (numa alusão à prova velocipédica da Volta do Futuro). Temos de dar um passo em frente, de gigante, sem paralelo com o que se passa noutros países”, exaltou o presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP).

Este desenvolvimento só foi possível graças à reabertura do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD), de Lisboa, e à decisão governamental de reforço de “60 por cento” da dotação orçamental da ADoP.

Os custos da realização dos controlos de dopagem inseridos no passaporte biológico, método de monitorização de substâncias proibidas através de amostras de sangue e de urina, estão estimados em 70 mil euros, serão divididos entre a ADoP e a federação. Esta deverá entregar cerca de 50 mil euros ao organismo antidopagem. A verba disponibilizada é custeada pelas equipas continentais portuguesas, sendo que cada ciclista pagou 500 euros no ato de inscrição para a temporada.

Atletas controlados três vezes por ano, fora competição. O caminho da credibilização do ciclismo

“Todos os atletas serão sujeitos ao controlo mínimo de três por ano, fora competição”, informou Delmino Pereira que quer ir mais além das exigências da Agência Mundial Antidopagem (AMA). “Há margem para termos mais por ano por cada ciclista”, anotou.

“Este é o processo de sustentabilidade do ciclismo português”, recordou ainda o responsável máximo do ciclismo nacional. “As equipas entenderam que o protocolo reforça a credibilidade junto do público e patrocinadores” e “os ciclistas “entenderam que esta é uma ferramenta de igualdade” e, sem surpresas, “a adesão foi 100 por cento da parte da nossa comunidade”, garantiu.

“A nível internacional este tipo de medidas teve sucesso. O ciclismo mundial está em crescimento, surgem novos ídolos, o público e o investimento dos patrocinadores tem aumentado. Surgem também novas imposições por parte das marcas, que exigem ética e verdade desportiva”, disse. “Só com mais investimento é que o ciclismo pode crescer. Não há outro caminho”, sintetizou Delmino Pereira.

O protocolo assinado entre a Federação Portuguesa de Ciclismo e a ADoP prevê ainda a realização de ações de sensibilização e formação de agentes desportivos para a necessidade de prevenção e rejeição de comportamentos violadores das normas antidopagem. Para já, estão previstas duas sessões presenciais, uma para equipas e corredores do Norte, dia 9, e a outra para os corredores e equipas do Sul, a 16.

“Este mecanismo vai-nos ajudar a credibilizar o ciclismo”.  Todos têm de estar comprometidos. Organizadores, profissionais, equipas, managers, treinadores e médicos. É uma longa caminhada, mas o caminho é este”, finalizou Delmino Pereira.

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