Com o campeonato ‘arrumado’, mas com a luta pelo segundo lugar extremamente renhida, e numa posição ainda favorável à passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões, José Mourinho não tem também tido descanso no que a polémicas diz respeito. Vejamos onde tem estado, para além dos jogos, a atenção do treinador português.
Paul Scholes, Ryan Giggs e Ian Wright
É publico que a relação entre José Mourinho e antigas glórias do United não é famosa. Ainda recentemente, o técnico português disse que a sua relação com Paul Scholes e Roy Keane não era a melhor e uma das principais razões, na opinião de muitos, é por ambos serem comentadores assíduos na televisão. Ambos têm sido muito críticos de José Mourinho e da forma como a equipa se tem apresentado, e esse parece ser o problema.
O último dos alvos de Paul Scholes, neste caso, tem sido Lukaku. Muitas têm sido as críticas, não só à forma como o belga se tem apresentado, como também ao estilo de jogo da equipa que não o beneficia. As constantes críticas não parecem fazer bem ao clube e, de imediato, Mourinho salta para os holofotes e vem em defesa dos seus jogadores.
Contudo, a verdade é que não é só Paul Scholes, mas os adeptos em geral, que parece reconhecer que o avançado não está, de momento ou em definitivo, à altura do gigante inglês. Não só a falta de eficácia do belga tem desapontado, como também a falta de consistência no passe e a incapacidade de segurar a bola para permitir mais e melhores contra-ataques à sua equipa e companheiros tem deixado muito a desejar.
Com Ryan Giggs, o assunto é outro e já vem de trás. Foi também tornado público, por José Mourinho - imagine-se... - que o galês queria a posição de treinador principal do Manchester United. Quando isso não aconteceu, resolveu abandonar o clube. Agora, após o lendário jogador dos Red Devils se ter tornado treinador da seleção do País de Gales, Mourinho resolveu reabrir o ‘dossiê Giggs’ e convidá-lo a vir assistir aos treinos do United e falar abertamente com o mesmo sobre treino e tácticas. Com isto, o próprio clube foi ‘forçado’ a dizer que existe um grande respeito por Ryan Giggs e que tudo farão para a ajudar o antigo jogador a ser o melhor possível na sua nova posição como treinador principal da seleção galesa. Uma verdadeira embrulhada, portanto.
Por último, Ian Wright. O antigo avançado disse esta semana, após o confronto do United com o Sevilha, que as equipas do United, especialmente aquelas que defrontou, jogavam à base de velocidade e de tentarem chegar à frente rapidamente, passando a bola depressa, acrescentando ainda que "o Manchester United deveria estar a fazer muito melhor com os jogadores que tem". A ex-glória do Arsenal mostrou-se ainda estupefacto com esta forma de jogar dos Red Devils (classificando-a de "estéril") culminando com uma frase ainda mais forte. "Se eu fosse um adepto do United estava enojado com a exibição de hoje à noite", referindo-se ao jogo de quarta-feira contra o Sevilha a contar para a Liga dos Campeões.
“O Manchester United deveria estar a fazer muito melhor com os jogadores que têm” Ian Wright
Ainda não se fez ouvir, mas é quase certo José Mourinho terá algo, de forma direta ou indireta, a dizer ao ex-goleador.
No que toca a comentadores, jornalistas e/ou outros treinadores, o objectivo de José Mourinho não é o mesmo aquando das polémicas com os seus próprios jogadores, como teremos a oportunidade de ver mais abaixo. Aqui o principal foco é retirar a atenção da sua equipa, dos seus resultados, da táctica e das escolhas. Aqui o objetivo principal é criar uma polémica que venda mais que as observações de quem começou a polémica, fazendo com que toda a atenção esteja agora em aspetos extra.futebol. Isso trará um decréscimo da pressão sobre os seus jogadores, que deixam de ser o centro das atenções e, muitas das vezes, cria uma bolha no grupo de trabalho, ou mesmo no clube e adeptos.
Departamento Médico
Problemas com o departamento médico não são novidade no currículo de José Mourinho, já que todos nos lembramos dos incidentes com Eva Carneiro, então no Chelsea. Desta feita, pouco satisfeito por ter que substituir Ander Herrera após apenas dezassete minutos do início do jogo da passada quarta-feira, José Mourinho fez questão de dizer na conferência de imprensa que o seu departamento médico lhe deu a certeza, já para o jogo do passado fim-de-semana, que o espanhol estaria a cem por cento. Ainda assim ele decidiu não o utilizar para lhe dar mais tempo de recuperação. Mourinho continuou afirmando ter depois percebido que o médio não estava a cem por cento, e que a lesão após apenas dezassete minutos prova isso mesmo, pondo deliberadamente em causa o seu departamento médico.
Paul Pogba
Com o jogador que há uma época e meia se transferiu para o clube inglês a troca de 105 milhões de euros, as polémicas são muitas e têm vindo a agravar-se nos últimos tempos.
Depois de ter sido substituído nas partidas frente a Tottenham e Newcastle (em que os Red Devils foram derrotados, de resto), Pogba, que já não tinha jogado de início frente ao Huddersfield (partida disputada entre os jogos frente a Spurs e os Magpies) é surpreendentemente relegado para o banco de suplentes frente ao Sevilha, em jogo a contar para a Liga dos Campeões. Os motivos, esses, parecem ser claros. Existe falta de confiança de Mourinho na capacidade do francês desempenhar o papel que este quer que desempenhe. E a falta de sacrifício, bem como a não participação no jogo do fim-de-semana anterior, terão colocado ainda mais certezas nas crenças do treinador. E por isso, mesmo num jogo de vital importância para a equipa, o português decidiu deixar uma das suas estrelas de fora.
Após ter acesso ao onze que iria iniciar a partida, Pogba deixa nas redes sociais uma mensagem, no mínimo, enigmática.
O treinador bi-campeão europeu está tão farto da polémica com o jogador francês e das perguntas dos jornalistas que no final da partida com o Sevilha, que acabou por abraçar um repórter que lhe fez uma questão sobre o jovem Scott McTominay, titular na vez de Pogba.
O treinador insiste que a sua relação com o jogador é saudável, e assim sendo, esperamos para ver o papel de Pogba na equipa daqui em diante. Agora, apenas o tempo nos poderá dizer o que vai acontecer.
O que é certo é que a história diz-nos que, normalmente, com José Mourinho, o final deste tipo de novelas, tem um só desfecho. Iker Casillas, David Luiz, Pepe, Ricardo Carvalho, Luke Shaw, Joe Cole, Eden Hazard são jogadores que, de alguma forma, já estiveram na mira do português. Em particular os últimos dois, pelas mesmas razões de Paul Pogba: a incapacidade de se sacrificarem pelos seus colegas de equipa quando esta não tem a posse de bola.
Todas estas polémicas levaram a um desfecho menos bom, normalmente em desfavor do jogador. Será que vamos chegar a um ponto de rutura com Paul Pogba? Será que o peso do dinheiro despendido pelo clube na sua contratação irá, de alguma forma, colocar mais pressão no técnico que no jogador? Ou conseguirá Mourinho gerir o caso de forma a retirar o melhor do jogador e, dessa forma, beneficiar com toda esta polémica?
No que toca a jogadores, a ideia do treinador é uma de duas. Fazê-los melhor, ou responsabilizá-los pelo fraco trabalho efetuado. E o resultado é, igualmente um, de dois. Os jogadores melhoram e o seu rendimento é maximizado sob a asa do treinador, ou o jogador acaba por sair. Neste caso, como referido acima, temos a hipótese de Mourinho estar a lidar com um jogador de outro ‘calibre’, devido à soma envolvida na sua aquisição, e isso poderá também pesar, quer nas decisões do português, quer no partido a tomar pelo clube, caso chegue a esse ponto.
Esta semana na Premier League
Azuis de Londres e vermelhos de Manchester encontram-se após empates para a Liga dos Campeões, num enorme teste para ambas as equipas. O Manchester United recebe o Chelsea no Domingo, dia 25 de Fevereiro, com o pontapé-de-saída marcado para as 14h05. Com as equipas separadas por apenas três pontos e com o Liverpool à espreita de agarrar o segundo lugar, este promete ser mais um fim-de-semana cheio de emoção na Premier League.
Uma última nota para o último jogo da jornada se disputar apenas na quinta-feira, dia 1 de Março, onde o Manchester City visita o Arsenal pelas 19h45.
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