Paulo Meneses, que fez questão de ir hoje ao aeroporto receber a comitiva que regressava dos Açores, disse aos jornalistas que a intenção de protestar o jogo surgiu no momento em que se aperceberam que "não estavam reunidas as condições técnicas para a sua realização".
"Dizer, como a Liga disse, que estamos perante situações que não controlamos, referindo-se às condições climatéricas e ao relvado, é faltar à verdade. E mal o árbitro tomou a sua decisão [de não realizar o jogo], o Paços de Ferreira comunicou logo a intenção de protestar o jogo", disse Meneses.
O presidente pacense deu conta da disponibilidade dos responsáveis do clube nortenho em encontrar uma alternativa, mas lamentou a solução tentada.
"Apesar da boa vontade, chegámos a conclusão de que o material a aplicar [nas marcações] nem sequer era alternativo, e, além de não regulamentar e ilegal, é perigoso para a integridade física dos jogadores. Pior ainda foi a tentativa de camuflar a situação com recurso a uma mentira, dizendo que era uma cal morta, que terão conseguido colocar num saco inviolado que dizia cal viva. Tudo isto é muito claro", acusou.
Meneses assegurou que "a equipa de arbitragem, perante este perigo real, comunicou que se recusava a realizar o jogo naquelas condições", acrescentando que "dizer algo que não isto é faltar à verdade" e, por isso, "o clube visitado tem de assumir as suas responsabilidades".
"Nem quero crer que aquilo que se passou não possa estar relatado. Dizer que o campo estava marcado duas horas antes quando os delegados chegaram e às escuras conseguiam ver as marcações e com as luzes elas desapareceram, é brincar com a situação", disse, lamentando, para além dos prejuízos mensuráveis, a alteração ao ciclo de trabalho de uma equipa que volta a jogar na sexta-feira.
Além do protesto, cujas custas processuais vão ascender "quase oito mil euros", Paulo Meneses garantiu que será feita, também, uma participação disciplinar por "coisas que se passaram no final do jogo na sequência de declarações prestadas pelo Pedrinho", sem dar pormenores.
Nesse sentido, o Paços já solicitou ao Conselho de Disciplina da Liga os relatórios da equipa de arbitragem, das forças policiais e dos delegados ao jogo realizado no dia seguinte e que terminou com a vitória do Santa Clara (2-1).
"Se os responsáveis tiverem a coragem política de assumir as suas responsabilidades e percebermos que o regulamento não é para ficar na gaveta e sim para ser aplicado, não tenho dúvidas nenhumas que, lendo textualmente o que diz, esta situação implica, para além das multas, uma penalização clara. E isso tem que ver com uma derrota da equipa responsável pela organização do jogo", concluiu.
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) disse hoje que foram cumpridos os regulamentos em torno do adiamento do Santa Clara-Paços de Ferreira (2-1), na sequência de condições climatéricas que afetaram as marcações do terreno de jogo.
Segundo explicou a diretora executiva da LPFP Helena Pires à Lusa, o clima, razão inicialmente alegada para o adiamento do encontro de sábado para domingo, acabou por afetar “efetivamente as marcações”, que ficaram “menos visíveis, o que levou a que a equipa de arbitragem não tivesse validado o terreno de jogo”.
“A partir daqui, foram desencadeados mecanismos e procedimentos, com o acordo de todos, dos delegados das equipas e da equipa de arbitragem, no sentido de viabilizar a realização do jogo e a reposição das linhas”, aponta.
Segundo a dirigente, foram feitas “várias tentativas para repor as linhas”, com condições climáticas adversas, e tudo o que se sucedeu, sustenta, foi dentro “do acordo obtido entre todos os que lá estavam”.
“As condições climatéricas foram a verdadeira causa para que as linhas não estivessem suficientemente visíveis. No dia seguinte [domingo], o que se fez foi um trabalho exaustivo, com recurso a outro tipo de mecanismos, como a colocação manual [das linhas], com pó. Levou a várias horas de trabalho e recurso a um meio já não habitual”, considera.
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